Marcela Sorosini
A universitária Jaqueline Madeira do Nascimento, de 29 anos, morreu na noite de sábado, por volta das 21h, no bairro Colégio, na Zona Norte, na frente da filha de 2 anos durante uma tentativa de assalto.
Segundo policiais do 9º BPM (Rocha Miranda), a universitária ia colocar o carro na garagem de casa, na Rua Caiuá, quando foi abordada pelos bandidos, que estavam em outros dos veículos, um Meriva vermelho e um Chevette bege.
Jaqueline se assustou e teria se jogado na frente da filha, que estava no banco do carona. Os assaltantes, então, dispararam contra a universitária, mas não levaram nada. Jaqueline chegou a ser levada para a UPA de Irajá, mas não sobreviveu aos ferimentos.
Segundo relatos, Jaqueline se jogou na frente da filha, que estava no banco do carona Foto: Reprodução
O marido de Jaqueline, o engenheiro civil e sargento do Corpo de Bombeiros Anderson Costa da Silva, de 35 anos, acredita que a mulher pode ter tentado proteger a filha, que não se machucou e passa bem.
— Quando eu cheguei, minha cunhada já tinha levado a minha filha, mas minha mulher estava caída com o corpo sobre o banco do carona, como se tivesse tentado protegê-la.
Anderson está inconsolável e afirma que os bandidos sabiam que estavam atirando em uma mulher e uma criança, já que que o vidro do lado da motorista estava completamente abaixado:
— Eu não consigo entender. Não havia como levarem o carro dali, pelo ângulo que o veículo estava, e não tinham como fugir, mas atiraram mesmo assim. Não temos inimigo, nem eu e nem ela.
O sargento ainda disse que o carro apresenta duas marcas de tiros no lado em que a filha de dois anos estava:
— Foi Deus que impediu que ela morresse também. Não sei como vou cuidar das minhas filhas agora. Quando casamos, há sete anos, eu não era nada e não tinha planos, mas ela sempre foi minha companheira. Até ontem, nós tínhamos planos para os próximos dez anos. Vivíamos uma fase maravilhosa, que todo casal quer.
O bombeiro está inconsolável com a morte da esposa Foto: Marcela Sorosini / Extra/Agência O Globo
Ele conta que conheceu a esposa quando ela tinha 2 anos e os dois cresceram juntos na Rua Caiuá, onde as famílias dos dois moram há muitos anos. No momento do assalto, Anderson estava com a outra filha do casal, de 7 anos, na casa do pai dele, na mesma rua em que aconteceu o crime.
— Ela era minha mulher e minha melhor amiga, uma companheira maravilhosa. Eu baseei toda a minha vida nela. Eu não era nada sem ela.
Vizinhos contaram que ouviram os disparos, mas ninguém viu a ação dos bandidos. Eles ficaram surpresos com o que aconteceu porque as crianças brincam na rua até tarde. O marido da vítima disse que teve várias oportunidades para mudar da casa em que vive, mas que sempre achou o local tranquilo. Apesar disso, esta não é a primeira vez que acontece um assalto no local, onde bandidos abordam motoristas com frequência quando eles reduzem a velocidade devido a um quebra-molas, mas nunca houve vítimas fatais.
Vítima foi assassinada em frente a uma igreja Foto: Marcela Sorosini / Extra/Agência O Globo
A dona de casa Fernanda Medeiros, de 30 anos, mora há muitos anos no bairro e diz que agora está com medo de deixar os três filhos brincarem na rua como sempre fez.
— Sempre achei aqui tranquilo, que não tinha nenhum problema de violência. E agora acontece isso. É um absurdo. Não tem como se sentir segura dentro de casa.
A Divisão de Homicídios da Capital, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, está investigando o caso. Segundo o delegado titular da DH, Rivaldo Barbosa, mais informações não podem ser divulgadas para não atrapalhar o trabalho da polícia.
O enterro de Jaqueline está marcado para às 11h da manhã de segunda-feira (10), no Cemitério de Irajá.
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