domingo, 20 de junho de 2010

Sob aplausos, corpo de José Saramago é cremado em Lisboa

Lisboa (Portugal) - Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia de cremação do escritor português José Saramago neste domingo em Lisboa.

O cortejo que levava o caixão, coberto pela bandeira de Portugal, chegou ao cemitério do Alto São João às 13h05 (9h05 em Brasília) e foi levado direto para o crematório. Vinte minutos depois, os presentes acompanharam a fumaça exalando da chaminé, em contraste com o céu azul da capital portuguesa e indicando que o procedimento havia sido se encerrado.

Este foi o momento de maior comoção no enterro. "Se foi e vai deixar a sua marca na nossa história", afirmou uma senhora bastante emocionada, enquanto observava a fumaça.

Foto: Reprodução do site 'Daily Mail'

Uma multidão acompanhou o funeral de Saramago | Foto: EFE

O caixão chegou em um carro fúnebre e, no portão do cemitério, foi retirado e levado à pé até o crematório, distante cerca de 200 metros. No trajeto, os presentes jogaram rosas e cravos vermelhos sobre o caixão e diziam "adeus, Saramago".

Na entrada do crematório, um grupo de militantes do Partido Comunista Português aguardava o corpo do escritor e ex-militante, levantando cravos vermelhos. Saramago era membro do partido desde 1969 e esteve ligado às causas sociais até a sua morte, ocorrida na sexta-feira em sua casa, na ilha de Lanzerote, na Espanha, onde ele vivia autoexilado.

"A Luta continua, Saramago"

Desde o momento da chegada do corpo até o final de cerimônia, as pessoas não pararam de aplaudir o escritor. Algumas gritavam alto o seu nome, o agradeciam ("Obrigado, Saramago") e os militantes comunistas alardeavam que "a luta continua, Saramago". Muitas erguiam com as mãos livros do escritor em homenagem à sua obra.

A cerimônia de cremação foi reservada a parentes e próximos. A viúva do escritor, Pilar Del Rio, foi à frente do caixão - fechado e coberto pela bandeira - e fez um discurso emocionado de cerca de cinco minutos. Em seguida, a bandeira foi retirada e o caixão, levado para a cremação.

Apesar da sua controversa relação com Portugal, que impediu a indicação da sua obra mais polêmica, "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", a um prêmio literário europeu, as cinzas do escritor deverão permanecer no seu país natal.

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