domingo, 20 de novembro de 2011

Ex-PM morto era acusado de participar de atentado na Região dos Lagos

Wellington Vaz de Oliveira, de 38 anos, foi assassinado na noite deste sábado ao ser fuzilado

POR ROBERTA TRINDADE

Rio - O ex-cabo da Polícia Militar, Wellington Vaz de Oliveira, de 38 anos, assassinado na noite deste sábado, é acusado de participação no atentado ao também ex-PM Francisco César Silva de Oliveira, o Chico Bala, de 41 anos, em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, em agosto de 2007. Na ocasião, a mulher e o enteado de Chico Bala foram mortos. O outro acusado de envolvimento no crime, José Carlos da Silva, o Tropeço, 42, - que foi expulso da PM em 1999 - fugiu junto com Vaz, que é citado na CPI das milícias como integrante da  Liga da Justiça.

Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Carro de ex-PM apresenta dezenas de marcas de tiros de fuzil | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Wellington foi executado dentro de seu veículo - o Gol preto placa KOM 8476 - em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, na noite do último sábado. O crime ocorreu na Rua Maria Lorosa, pouco após Vaz ter saído de uma churrascaria. Ele foi surpreendido por três homens que desceram de uma Kombi e efetuaram cerca de 50 disparos contra seu automóvel.

O chefe do Setor de Inteligência da especializada, comissário José Carlos Guimarães, afirmou que diligências já estão sendo realizadas e que as equipes vão tentar localizar estabelecimentos próximos ao local do crime que possuam sistema de câmeras de vigilância para solicitar as imagens. Familiares da vítima devem prestar depoimento nos próximos dias. Ainda não há suspeitos.

O ex-PM estava foragido da Unidade Prisional (UP) - antigo Batalhão Especial Prisional (BEP) -, em Benfica, na Zona Norte do Rio, há um ano e dois meses. Agentes da Divisão de Homicídios (DH) estão responsáveis pelas investigações.Os dois, que respondiam a um processo por homicídio qualificado, participavam de uma obra para aumentar o muro do presídio e o desaparecimento só foi notado na contagem de presos feita à noite.

Atentado contra Chico Bala

O atentado contra Chico Bala ocorreu no dia 27 de agosto de 2007, quando ele ainda era lotado no 25º BPM (Cabo Frio). O então PM estava no banco do carona, acompanhado pela mulher, que estava ao volante, Maria Cláudia Silva de Oliveira, 31, pelo enteado Yan Coutinho da Silva, 13, e pelo sobrinho, Luan Santos Braga, 19.

Todos estavam dentro do carro passando pela Rua 23, perto do Campo do Cancela, no bairro Balneário. O então sargento foi atingido nas costas, na mão, no ombro e duas vezes no braço. Seu enteado, baleado na cabeça e no braço, não resistiu e morreu ainda no local. Sua mulher, atingida na nuca e na barriga, morreu dois dias depois, no hospital.

Horas após o atentado, o então cabo Vaz foi preso, em companhia do ex-sargento da PM Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, 40 (expulso em 1992), do ex-PM José Carlos da Silva, o Tropeço, e do inspetor da Polícia Civil André Luiz da Silva Malvar, que era lotado no Instituto Félix Pacheco (IFP) e genro do vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, 63. Os quatro - todos indiciados no Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias - estavam no interior de um Ford Focus, na altura do KM 30 da Via Lagos, em Araruama.

Com eles havia três fuzis - um AR 15 Colt, calibre 223, um Parafal calibre 7,62 de fabricação argentina, com numeração suprimida, e um Windhan calibre 556, com numeração suprimida e lanterna acoplada ao cano -, cinco pistolas - sendo uma Glock calibre 45, uma Glock .40, uma Taurus 9mm, uma Taurus .40 e uma Taurus PT 92, calibre 9mm -, 44 carregadores, cinco rádios Nextel, três rádio-transmissores, quatro celulares, dois binóculos, quatro toucas ninja, duas lunetas e duas granadas M-9, além de R$ 1.900.

O ex-policial civil também responde pela morte do inspetor da Polícia Civil Félix dos Santos Tostes, em fevereiro de 2007, juntamente com o ex-veredor Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras. Este último foi assassinado em junho de 2009, aos 42 anos. Ao ser preso, minutos após o atentado ao ex-PM Chico Bala, Malvar estava de posse de uma arma que, após perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), constatou-se ser a mesma utilizada no homicídio de Félix.

Colaboraram Bruno Guedes e Helvio Lessa

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