segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Imagens feitas por cinegrafista morto estão sendo melhoradas, diz delegado

Gravação feita em Antares está sendo tratada no Instituto de Criminalística.
Delegado acredita que serão importantes para identificar o autor do disparo.

Alba Valéria Mendonça Do G1 RJ

O delegado titular da Divisão de Homicídios (DH), Felipe Ettore, disse, na tarde desta segunda-feira (7), que as imagens do tiroteio de domingo feitas pelo cinegrafista Gelson Domingos na Favela de Antares, em Santa Cruz, na Zona Oeste, serão fundamentais para identificar o autor do crime. O cinegrafista da TV Bandeirantes morreu durante a operação ao ser atingido no peito por um tiro de fuzil.

"O material feito pelo cinegrafista foi enviado ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) para que sejam melhoradas. Acreditamos que elas são muito importantes para a identificação do autor do disparo que matou o jornalista", disse o delegado, acrescentando que, por enquanto, não pretende ouvir outros jornalistas que estiveram no confronto, "a não ser que eles tenham algo relevante sobre o caso a declarar".

O delegado disse ainda que não tem informações sobre os dois suspeitos presos nesta segunda-feira, por policiais do 27º BPM (Santa Cruz), no trajeto entre as favelas do Rola e de Antares. Um dos detidos, segundo policiais, seria parecido com o suspeito de ter atirado no cinegrafista. Eles foram detidos numa moto, com uma pistola e 400 papelotes de cocaína e levados para a 36ª DP (Santa Cruz).

Agentes da DH foram até lá para ver se conseguem fazer o reconhecimento deles com auxílio de fotografias.

Ao todo, já foram ouvidos no domingo, na DH, 16 policiais do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais que participaram da operação, o repórter que acompanhava o cinegrafista baleado, e os oito presos maiores de idade detidos em Antares.

Corpo de cinegrafista é velado no Rio (Foto: Mylène Neno/G1)

Corpo de cinegrafista é velado no Rio (Foto: Mylène Neno/G1)

Enterro

O repórter Ernani Alves, que estava com Gelson Domigos quando ele foi baleado, falou sobre a morte do colega durante o velório nesta segunda. O cinegrafista usava um colete à prova de balas quando foi atingido.

“Nesse dia, a gente pegou às 4h para fazer a operação. Na verdade, a informação era que o Bope tinha entrado na favela e que o (Batalhão de) Choque fazia o cerco. Se presume que há uma certa segurança, mas claro que sempre há um risco”, disse Ernani.

"Como eu estava deitado no chão, não vi o momento em que ele foi atingido. Jamais queria ter feito essa reportagem. Jamais queria ter passado por isso. Não sei como vou continuar, mas é uma questão de honra. Só vou tirar meu descanso na hora em que o traficante que atirou no Gelson estiver preso e encaminhado pela promotoria para ser condenado”, afirmou.

Ernani afirmou que ele e Gelson eram grandes amigos e que trabalhavam diariamente juntos.

O corpo do cinegrafista foi enterrado por volta das 14h20 desta segunda no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio, com uma salva de palmas.

O coronel Frederico Caldas, coordenador de comunicação social Polícia Militar, também lamentou a morte do cinegrafista durante o velório. “O Gelson era muito querido pela corporação, tamanha a proximidade dele com a PM nas operações", afirmou.

Segundo o coronel, a operação em Antares foi planejada após informações do setor de inteligência do Batalhão de Choque. “Os PMs adotaram uma conduta de patrulha, de maneira técnica. Não podemos excluir que houve uma fatalidade mas nenhum policial ou morador foi ferido na operação. Os policiais arriscaram suas próprias vidas para socorrê-lo, mas infelizmente não foi possível”, disse ele.

G1 - Rio de Janeiro

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