quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Chefe do tráfico e aliado de Marcelinho Niterói teria sido baleado em operação

Jorge Luiz Moura, o Alvarenga, estaria entre os cinco seguranças que deixaram a casa que servia de esconderijo para o bando

POR VANIA CUNHA

Rio - Chefe do tráfico de drogas no Parque União, no Complexo da Maré, na Zona Norte, o traficante Jorge Luiz Moura, o Alvarenga, teria sido baleado na operação que resultou na morte de Marcelinho Niterói, na noite da última terça-feira, no Parque União. Alvarenga é cunhado e um dos maiores aliados de Marcelinho e oferecia abrigo ao criminoso. Segundo a polícia, ele seria o terceiro da linha do poder do tráfico de uma grande facção criminosa do Rio, atrás somente de Fernandinho Beira-Mar e de Marcelinho.

Armado com um fuzil, ele estaria entre os cinco seguranças que deixaram a casa que servia de esconderijo para o bando, na Rua Ari Leão, mas, mesmo ferido, conseguiu escapar para o interior da favela. A polícia investiga a sua possível localização.

Enterro de Marcelinho Niterói

O corpo do traficante Marcelo da Silva Leandro, o Marcelinho Niterói, 34 anos, foi sepultado na manhã desta quinta-feira no Cemitério Nossa Senhora das Graças, mais conhecido como Tanque do Anil, na Vila Operária, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Cerca de 100 pessoas acompanharam o cortejo. Doze policiais e três viaturas estiveram no local. Familiares fecharam o portão do cemitério para evitar a presença de jornalistas.

Foto: Banco de Imagens

Marcelinho Niterói (de azul marinho) ao lado de Fernandinho Beira-Mar em 2007 | Foto: Banco de Imagens

O criminoso foi morto na noite desta terça na favela Parque União, no Complexo da Maré, na Zona Norte, numa operação da Polícia Federal e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), com apoio da Polícia Civil.

Polícia Civil matou Marcelinho Niterói em 40 segundos

Quarenta segundos. Foi o tempo necessário para que o traficante Marcelo da Silva Leandro, o Marcelinho Niterói, 31 anos, fosse localizado e morto próximo à Rua Larga, na Favela Parque União, no Complexo da Maré, por equipe do helicóptero Águia 1, da Polícia Civil. Ele levou dois tiros na cabeça e não teve tempo de reagir, embora a polícia afirme que seus seguranças fizeram disparos. Marcelinho tinha vários mandados de prisão pendentes. Ele saiu da cadeia em 2005, quando obteve benefício de liberdade condicional e sumiu.

Arte: O Dia

Arte: O Dia

A operação foi cinematográfica e acompanhada em tempo real por agentes da inteligência. Cada movimentação do braço direito de Fernandinho Beira-Mar, na terça-feira à noite, foi vigiada. Os policiais sabiam até detalhes do que o bandido foragido vestia: o alvo estaria de bermuda bege e levava uma mochila nas costas.

O detalhamento foi resultado de uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Federal (PF). A captura do traficante, no entanto, precisou contar com o apoio das polícias Militar e Civil.

As informações eram tão precisas quanto sigilosas. A área da favela em que Marcelinho Niterói iria circular na terça-feira já estava sendo monitorada, do ar, pelo helicóptero Águia 2, com câmeras com sensor infravermelho desde as 17h45, a um quilômetro e meio de altura. O espião noturno (Águia 2) passava informações para um ‘gabinete’ em solo formado por agentes da PF e da Civil. As informações eram, então, enviadas ao Águia 1, para que se posicionasse no melhor ângulo para capturar o bandido.

Fotos: Reprodução

Fotos: Reprodução

O criminoso só chegou à rua, onde encontrou cinco homens, às 20h56. Começou a corrida contra o tempo. Dois minutos depois, Marcelinho entrou num bar. Foi dado o sinal para que o Águia 1— que estava em base próxima, de prontidão —, com quatro atiradores de elite, se aproximasse.

Foi o começo da operação ‘cirúrgica’, em que o menor deslize colocaria fim à investigação. A cerca de 15 metros de altura, homens do Águia 1 fizeram disparos com fuzis 7.62. Quarenta segundos depois, Marcelinho estava morto, de barriga para baixo na rua. Às 21h, homens do Bope e da PF chegaram ao local. Tiraram mochila do corpo do traficante e o arrastaram para perto da calçada.

Águia foi escolhido por ser mais leve e menos barulhento

Surpreendido pelo ar, Marcelinho Niterói não desconfiava que estava sendo vigiado por espião a mais de mil metros de altura. A escolha do helicóptero Águia da Polícia Civil e não do ‘caveirão voador’ tinha razão de ser: a aeronave faz menos barulho, é mais ágil e pesa três mil quilos a menos do que o outro modelo, por ter menos blindagem.

Na mochila que carregava quando foi morto havia 2.630 gramas de cocaína, 12 sacolés com crack, 6 modelos de fotos 3x4 do traficante e R$ 20.205, segundo a polícia. Parte do dinheiro estava no bolso do bandido. As notas ficaram sujas de sangue. A polícia crê que Marcelinho pretendia usar as fotos para fazer documentos falsos - ele estava com uma blusa diferente em cada imagem.

Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

Polícia apreendeu armas e dinheiro na operação no Complexo da maré | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

Há suspeitas que o motorista do traficante seja um policial civil. Ele estaria na instituição há apenas três anos. As relações de Marcelinho Niterói eram amplas. Ele tinha fazenda no Paraguai, onde abrigava traficantes. Luiz Claudio Serrat Correa, o CL, chefe do Cajueiro, foi um bandido que o ‘visitou’. Naquele mesmo país, dia 20, Alexander Mendes da Silva, o Polegar, apontado como chefe do tráfico no Morro da Mangueira, foi preso.

A polícia chegou perto de pegar o sócio de Beira-Mar recentemente. A mulher de Marcelinho, conhecida como Graci, morava no Parque União. Os dois se casaram numa cerimônia no Complexo do Alemão. Em setembro, o casal foi à Terê Fantasy — festa à fantasia em Teresópolis —, mas conseguiram fugir do cerco da polícia.

Mortos e feridos

Jeferson Douglas Silva dos Santos, 23, também foi morto na ação. Segundo sua irmã, que o levou para o Hospital Federal de Bonsucesso, ele era militar do Exército até dois meses atrás. Informações da polícia dão conta de que ele seria segurança de Marcelinho. Rodrigo Marinho, de 18 anos, ficou ferido.

O corpo de Jeferson foi sepultado nesta quarta-feira no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. Parentes dizem que as vítimas não tinham envolvimento com criminosos. A polícia, contudo, afirma que os acusados tinham ligação com o tráfico de drogas.

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