segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Sindicato diz que colete usado por cinegrafista era inapropriado

Entidade questiona informações da emissora na qual o repórter trabalhava

Rio - O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio divulgou nota nesta segunda-feira informando que teve acesso ao colete à prova de balas usado pelo repórter cinematográfico Gelson Domingos, morto no domingo com tiro no peito durante cobertura de operação policial na favela de Antares, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. A nota é acompanhada de fotos do colete utilizado por Gelson e nelas seria possível constatar que o equipamento não seria o adequado para a operação coberta pela equipe da Band.

Foto: Divulgação

Colete e placa 100% polietileno que faz a blindagem apresentam perfuração | Foto: Divulgação

Segundo a nota, o colete seria do tipo II-A. "Este tipo de indumentária protege contra tiros de armas como 9mm, com potencial bem abaixo dos fuzis usados em confrontos no Rio de Janeiro. Ao contrário do que a TV Bandeirantes afirmou, o equipamento não era do tipo III-A – que tem maior poder de defesa", diz o documento emitido pelo sindicato.

Algumas inscrições existentes no colete não podem ser lidas a olho nu mas é possível verificar que a blindagem é 100% polietileno. A placa da parte da frente do colete, que foi perfurada, apresenta data de 2003.

O colete seria entregue ainda nesta segunda-feira na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

Foto: Divulgação

Especificações do equipamento mostram que ele era do tipo II-A | Foto: Divulgação

Critério para coberturas

O comandante da Polícia Militar do Rio, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, disse nesta segunda-feira que quer estabelecer um critério para coberturas jornalísticas de operações policiais nas favelas do estado. A afirmação foi feita um dia depois da morte do cinegrafista Gelson Domingos, da TV Bandeirantes, baleado durante uma operação policial na favela de Antares, na Zona Oeste da cidade, na manhã de domingo.

Foto: Arquivo pessoal

Gelson morreu ao ser baleado durante confronto entre traficantes e policiais | Foto: Arquivo pessoal

“Vamos tentar reunir os sindicatos dos cinegrafistas, dos jornalistas, para conversar, para ter um critério de segurança. Quando um policial falar com um repórter: 'daqui vocês não podem passar’, que eles entendam e, por segurança própria, obedeçam a orientação dos policiais”, disse o comandante da PM.

Segundo o comandante, a polícia não “convida” a imprensa para cobrir as operações dentro das favelas, mas os jornalistas acabam acompanhando os policiais por conta própria.

“A imprensa nunca foi convidada, só que o repórter, principalmente quem cobre a área policial, é um 'policial'. Infelizmente aconteceu isso [a morte] com esse nosso amigo”, afirmou.

Pedido de segurança

O corpo do repórter foi sepultado na tarde desta segunda-feira, no Cemitério do Caju, na Zona Portuário do Rio. O clima era de comoção entre familiares e companheiros de profissão. "Ele era um cara honesto e amava o que fazia, mas é uma profissão de risco. Eu peço que as empresas melhorem seus equipamentos de segurança para que outros familiares não percam pessoas queridas desta forma", emocionou-se o irmão de Gelson, Ricardo Silva.

O presidente da Associação Brasileira de Impresa (ABI), Maurício Azedo, destacou a necessidade de buscar incrementar a proteção aos profissionais que cobrem confrontos na cidade. "O profissional deve analisar todas as situações de risco. Jornalistas de campo devem ser cercados de medidas de segurança para evitar que episódios como este se repitam", afirmou Azedo.

O caixão com o corpo do cinegrafista estava coberto com uma bandeira do Vasco da Gama, time de futebol para o qual ele torcia. Algumas coroas de flores foram enviadas por emissoras de TV e redações de jornais em homenagem ao cinegrafista.

Veja as imagens do cinegrafista antes de morrer:

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