sábado, 18 de outubro de 2008

 

Governo do RJ diz que "há fortes indícios de envolvimento" no assassinato.
Aldair da Mangueira e Ronaldinho Tabajara irão para Campo Grande (MS).

Do G1, no Rio

O juiz da Vara de Execuções Penais determinou na noite desta sexta-feira (16) a transferência de dois presos do presídio Bangu 3 para o presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por causa de "fortes indícios no envolvimento deles no assassinato do diretor do presídio", José Roberto do Amaral Lourenço.

Ele foi morto na quinta-feira (16), depois que o seu carro foi atingido por mais de 60 tiros, na Avenida Brasil, na Zona Oeste do Rio.
O pedido de transferência dos presos, Adair Marlon Duarte, conhecido como Aldair da Mangueira, e Ronaldo Pinto Lima Silva, conhecido como Ronaldinho Tabajara, foi feito pelo governo do estado.
Em nota, o governo afirmou que não vai “recuar um milímetro na política de enfrentamento sem trégua da criminalidade no Rio de Janeiro”.


A Secretaria estadual de Segurança Pública investiga se a ordem para o crime partiu de traficantes presos que foram para a solitária por determinação de José Roberto Lourenço. De acordo com a Seap, o militar, que dirigia o presídio de Bangu 3 há quatro anos, não tolerava indisciplina.

A polícia investiga, ainda, se o crime teria sido cometido por uma milícia, por policiais e até por funcionários da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), onde haveria uma briga interna.

O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que o assassinato está relacionado com sua função de diretor.

Alerj recebe denúncias

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recebeu, nesta sexta-feira (17), denúncias de que outros diretores de presídios não têm escolta. Na quinta (16), José Roberto estava sozinho quando foi alvejado.
Embora tivesse direito à escolta armada, e até mesmo um carro blindado, o tenente-coronel, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), teria dispensado a escolta nesta quinta-feira (16). No entanto, agentes penitenciários, cujos nomes foram preservados, disseram que a segurança foi retirada por ordem superior.
Um dos carros que teriam sido usados pelos criminosos foi encontrado nesta sexta-feira (17), em Magé, na Baixada Fluminense. O veículo foi levado para a perícia.
“Nós vamos agora, através de uma perícia, de um levantamento, verificar se é produto de furto ou de roubo. Essa perícia do carro é para isso também. Para colher eventuais vestígios que, por ventura, podem ter sido deixados no interior do carro”, afirmou o delegado Roberto Cardoso, responsável pelas investigações.

Cabral assina decreto para segurança de diretores

O governador Sérgio Cabral assinou, nesta sexta-feira (17), um decreto que dispõe sobre a segurança de diretores de presídios. Segundo a assessoria do governo estadual, o decreto será publicado no Diário Oficial na segunda-feira (20).
O decreto obriga os diretores a utilizarem um carro blindado, coletes à prova de balas e escolta armada. Segundo o documento, as despesas ficarão a cargo da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária.

Secretário critica sistema de segurança durante enterro

Foi em tom de crítica que o secretário de Administração Penitenciária do Rio, Cesar Rubens Monteiro de Carvalho, falou sobre o sistema de segurança do Rio. Ele acompanhou, na manhã desta sexta-feira (17), o enterro do corpo do diretor do presídio Bangu 3 no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.
"O grande questionamento é como dez pessoas em dois veículos, armadas com fuzis, que são armas de guerra, executam um cidadão às 8h da manhã numa via pública", disse ele, ressaltando que não considera que o problema seja falta de policiamento.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Gilson Pitta, disse que não teria o que comentar sobre as críticas do secretário ao sistema de segurança do Rio.
"Não faltou policiamento. A Avenida Brasil é uma via de trânsito rápido. A PM está sempre presente. Não será dessa vez que vamos recuar. Vamos para o enfrentamento com uma polícia ostensiva e a resposta será dada com toda sua intensidade”, disse Pitta, afirmando que a resposta ao episódio é a “busca e prisão dos marginais da lei".

Sobre a hipótese do mandante do crime ser um traficante preso de Catanduvas, o secretário afirmou que o assassinato foi planejado por algum líder do tráfico.
"Esse tipo de delito não é decidido por um traficante pé-de-chinelo. Ninguém mata ninguém no Rio de Janeiro se não houver interferência de uma liderança.

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