sábado, 9 de agosto de 2008

Um arsenal dentro de casa

Após dar tiro na testa do marido, mulher chama a polícia e denuncia armas e munição no imóvel

SÃO PAULO - A pesquisadora autônoma Michele Maciel Saragosa Ferreira, 25 anos, matou o marido, o bancário Marcos de Moraes Barros, 44 anos, com um tiro na testa depois de descobrir que há quatro anos ele mantinha relações sexuais com a irmã dela, hoje com 14. Na casa onde o casal vivia há seis anos, em Vila Sônia, Zona Oeste da capital, a polícia encontrou um arsenal suficiente para encher uma van de médio porte e que incluía metralhadora antiaérea calibre ponto 50, além de aproximadamente 70 quilos de munição de vários calibres e pólvora. A pistola usada no assassinato fazia parte da ‘coleção’ da vítima.“Há armas perfurantes capazes de varar um carro blindado de lado a lado e ainda continuar”, afirmou o delegado Luiz Antonio Pinheiro, do Grupo de Operações Especiais (GOE). Ele contou que Michele ligou para a Polícia Militar minutos após o crime, na noite de quinta-feira, chamando os policiais e confessando ter matado o marido porque há cinco dias ele revelou que mantinha relações sexuais com a irmã dela desde quando a garota tinha 10 anos.Após mostrar o corpo e as armas aos policiais, Michele teve uma crise nervosa e foi levada a um pronto-socorro, antes de fazer exame corpo de delito no Instituto Médico-Legal e ser encaminhada a uma carceragem feminina. “Ela entrou em estado de choque. Se o arrependimento vier, acho que vai ser paulatinamente”, afirmou o delegado do GOE. A acusada foi autuada em flagrante por homicídio doloso com motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. A irmã de Michele, adolescente vítima da pedofilia, mora no litoral paulista e será ouvida no inquérito instaurado no 34º Distrito Policial. Conforme o depoimento da acusada, segundo Pinheiro, o bancário também havia dito que estava interessado em outra pessoa e não queria mais viver com ela.A polícia vai checar se o bancário assassinado tinha autorização do Exército para colecionar armas e se todos os artefatos encontrados têm registro. Também serão investigadas a denúncia de pedofilia feita por Michele e se as armas apreendidas na casa do casal eram alugadas para criminosos. “Estamos felizes de ter encontrado esses armamento porque se isso caísse em mãos erradas poderia ser muito perigoso”, disse o delegado. Capaz de derrubar helicópteroAs armas encontradas na casa do bancário têm “um poder letal incomensurável”, segundo afirmou o delegado Pinheiro na manhã de ontem. De acordo com ele, a metralhadora de grande porte apreendida é capaz de derrubar um helicóptero.Segundo o delegado, há armas de uso exclusivo do Exército e também da Aeronáutica, todas prontas para uso. “Têm armas antigas, mas tudo ‘no azeite’, lubrificadas”, declarou Pinheiro, que estranhou a quantidade de munição encontrada na residência da vítima, pois colecionadores, em geral, não mantêm esse material em casa. O arsenal foi levado para a base do GOE até que a Justiça determine o que deve ser feito com os artefatos.FUZIS E ESPINGARDASForam encontradas 32 armas: seis espingardas, oito fuzis, sete metralhadoras, cinco pistolas calibre 380, seis revólveres calibres 32 e 38, 28 carregadores de armas de fogo de diversos calibres, lunetas, cinco tripés para metralhadora, 10 caixas com cerca de 70 quilos de munição de diversos calibres, três caixas de cartuchos calibre 50 e partes de outros armamentos. Também havia R$ 5.252 em dinheiro e R$ 3.114 em cheques, além de diversas pastas com documentos.

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