quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Alerj examina processo que pode cassar suspeito de ligação com milícia

Prisão de Natalino foi mantida no plenário da Casa, por 43 votos a cinco.Também nesta quarta, o Democratas expulsou deputado do partido.

Daniella Clark Do G1, no Rio

Depois de ter sua prisão mantida por 43 votos a 5 no plenário da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado Natalino José Guimarães, suspeito de comandar uma milícia em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, corre o risco de perder o mandato. Segundo o corregedor Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), já a partir desta quinta-feira (7) a quebra de decoro do parlamentar começará a ser analisada, o que pode levar à sua cassação.
“Com os autos da prisão em flagrante, com a decisão do plenário, automaticamente começa essa análise. Exatamente como se deu no caso do deputado Álvaro Lins”, explicou Luiz Paulo.

“No plenário hoje (6) não se decidiu se o deputado é inocente ou culpado enquanto decoro. Foi decidido se a prisão em flagrante foi correta ou não. Agora vamos para o segundo momento. É verificar se parlamentar quebrou o decoro ou não. É um novo processo, que começa pela corregedoria.”

Após ser analisado pela corregedoria da Alerj, a análise da quebra de decoro de Natalino seguirá para a mesa diretora, que decide se encaminha ou não o processo para o Conselho de Ética. Caso o conselho decida pela quebra de decoro, a cassação terá que ser votada em plenário, como acontecerá com Álvaro Lins (PMDB), na próxima terça-feira (12). Esse processo, segundo Luiz Paulo, pode demorar mais de 60 dias e a votação, ao contrário do que ocorreu nesta quarta, será fechada.

Álvaro Lins votou contra prisão
Lins estava entre os cinco deputados que votaram pelo relaxamento da prisão de Natalino. Também votaram pela liberdade do parlamentar os deputados Domingos Brazão (PMDB), Dica (PMDB), Marcos Abrahão (PSL) e Anabal (PHS). A votação foi aberta e, após a divulgação do resultado, cerca de 50 manifestantes que estavam nas galerias do plenário gritaram palavras de ordem em apoio a Natalino, afirmando que a votação era uma farsa.
“Foi um placar muito emblemático que de alguma maneira respalda e muito o trabalho da CPI e da Polícia Civil”, disse o deputado Marcelo Freixo (PSOL), que preside a CPI das Milícias.

“Acho que a casa amadureceu e as informações sobre o deputado eram muito relevantes. Vamos ver como a casa se comporta na terça-feira. Espero que a pressão da sociedade continue muito grande”.

Partido expulsou deputado
Também nesta quarta-feira (6), a Executiva Nacional dos Democratas (DEM) aprovou o relatório que expulsa Natalino do partido. Com base no artido 97 do regimento do partido, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) requereu a expulsão decorrente de cancelamento da filiação do deputado. "Não podemos dar asas aquem pratica essaespécie de guerrilha. É impossível mantê-lo nos quadros do Democratas ', afirmou o senador.

Natalino e Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, estão presos em Bangu 8. Os dois negam as acusações de que estariam à frente da milícia que atua na Zona Oeste do Rio. Natalino já afirmou estar sofrendo perseguição política. Já os advogados de Jerominho afirmam que não há provas contra ele.

Casa seria QG de milícia, diz delegado
Natalino é suspeito de comandar uma milícia em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Ele foi preso em 21 de julho, em sua casa, onde a polícia apreendeu armas, munição e prendeu outros suspeitos de integrar a milícia.

Na época, o delegado Marcus Neves, titular da 35ª DP (Campo Grande), afirmou que a casa do deputado funcionava como uma espécie de quartel general da milícia que controla a região. Segundo a polícia, a casa do deputado era palco de reuniões semanais para discussão de assuntos relativos à atuação da milícia na região.

Destino de Álvaro Lins será decidido na terça
O próximo deputado a ter seu destino traçado no plenário da Alerj será Álvaro Lins (PMDB). Por unanimidade, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da casa decidiu pela cassação do mandato do deputado. Os deputados decidirão o futuro de Lins em voto secreto, na próxima terça-feira (12). São necessários pelo menos 36 votos favoráveis à cassação.Lins é suspeito de integrar esquemas de corrupção passiva, formação de quadrilha e enriquecimento ilícito. Ele também é suspeito de ter recebido apoio de milícias para a sua campanha política. O ex-chefe de Polícia Civil chegou a ser preso durante operação Segurança Pública S/A, da Polícia Federal, em maio.

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