quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Grupo de milicianos quer expulsar motoristas de taxi de ponto no Centro

Gabriela Moreira - Extra

RIO - A menos de duzentos metros da Alerj, no Centro, um retrato da audácia daqueles que se consideram acima da lei. Há pouco mais de uma semana, um grupo de homens armados - liderado por um que se diz policial militar - age como milicianos e tenta tomar à força um ponto de táxi localizado na esquina das ruas Assembléia e Quitanda. Ouça a denúncia feita pela Rádio CBN.
Do ponto, até as escadarias da Alerj, contam-se 350 passos. Mas a proximidade com quem faz as leis do estado, não intimida o grupo. No último dia 19, eles permaneceram cinco horas no ponto e voltaram no dia seguinte. O caso foi registrado na 1 DP (Praça Mauá). Representantes da cooperativa Assembléia Vips informaram à polícia que o chefe do grupo identificou-se como Luciano.
"Cor parda, cabelo preto, baixa estatura, que parecia liderar o grupo e identificou-se como PM", narrou um dos motoristas à polícia.
Segundo ele, o grupo começou as ameaças afirmando que o alvará da cooperativa não tinha validade. Inquérito
"Estavam tomando atitudes ameaçadoras contra os taxistas na tentativa de intimidá-los dizendo que a partir de 'amanhã' (dia seguinte) eles iriam ser os donos do ponto e passariam a administrá-lo", disse.
Um inquérito (de número 743/2008) foi aberto para investigar os crimes de extorsão e formação de quadrilha. O delegado responsável pelo caso, Arthur Estelita Campos, descarta a ligação do grupo com milícias, pelo menos por enquanto:
- Acredito muito mais que seja rivalidade entre taxistas da região do que a formação de uma milícia. Os milicianos não se interessam pelo Centro. Eles se formam onde há favelas, em áreas pobres, não em comerciantes do Centro - afirmou. Coronel afirma que recebeu denúncia
O caso também está sendo investigado pelo 13BPM (Praça Tiradentes), responsável pela área. Segundo o comandante da unidade, coronel Antônio Henrique da Silva Oliveira, o serviço reservado recebeu a informação há dois dias.
- Estamos trabalhando forte nesta denúncia. Faço questão de identificar este grupo e se tiver policial envolvido, o fato será comunicado imediatamente à Corregedoria - prometeu.
Segundo os motoristas, policiais do 13 BPM foram chamados ao ponto, no primeiro dia das ameaças. O delegado responsável afirmou que enviará um ofício ao batalhão solicitando o depoimento dos PMs.
- Vou convocá-los para saber o que eles ouviram no local - disse Estelita.
Segundo o comandante, esta é a primeira denúncia que o batalhão recebe contra o grupo. Ele não sabe se realmente os homens são milicianos.
- Conversei pessoalmente com os responsáveis pela cooperativa e dei a minha palavra. Eles não vão ser expulsos dali. Não vou permitir que isso vá para frente - disse o coronel.
Além de estar próximo à Alerj, o ponto fica quase em frente à uma universidade. Uma vaga na cooperativa custa R$ 4 mil. Atualmente, há cerca de 65 cooperativados. Cada motorista ganha cerca de R$ 150 por dia.
- Ralamos a semana toda para chegar uns malandros e tomar o nosso ganha pão. O ponto é regular, funciona dentro da lei. Essa ameaça é absurda - reclama um motorista que pediu para não ser identificado.

Nenhum comentário: