segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Traficantes cobram pedágio para que candidatos façam campanha em comunidades

Marcelo Gomes - Extra

RIO - Enquanto as milícias cobram até R$ 100 mil para "vender" os votos dos moradores das favelas para candidatos a vereador - conforme o Extra noticiou no domingo passado -, traficantes de drogas estão exigindo uma espécie de pedágio para permitir que políticos façam campanhas em suas comunidades por eles dominadas. O pagamento pode ser até em fuzil.
Foi o que aconteceu com o vereador e candidato à reeleição Alberto Salles (PSC). Após recusar a "oferta" feita por bandidos da Favela do Mundial, em Honório Gurgel, quatro cabos eleitorais do parlamentar que estavam na comunidade colocando cartazes foram expulsos do local por cerca de dez homens armados de fuzis e pistolas, na última quinta-feira.
- Há dez dias, um homem me procurou no meu centro social para comunicar que eu só poderia fazer campanha na Favela da Mundial se "perdesse" um fuzil para os traficantes. Retruquei dizendo que eu não tinha nada a ver com fuzil, e ele falou eu podia perder 40 "contos" (R$ 40 mil), que seria o preço do fuzil no mercado negro. Eu desconsiderei aquilo e meus cabos eleitorais foram ameaçados e expulsos da comunidade - contou Salles, que comunicou o fato ao Tribunal Regional Eleitoral e registrou o caso na Polícia Federal. 'Barrados' já são 29
O TRE já recebeu denúncias de 29 candidatos a prefeito e a vereador que teriam sido impedidos de fazer campanha em favelas dominadas por traficantes ou milicianos. No entanto, apenas dois políticos informaram o TRE oficialmente: Alberto Salles e Ingrid Gerolimich (PT), que distribuiu panfletos de campanha na Favela da Rocinha acompanhada de PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e de fiscais eleitorais, no dia 22 de julho.
" Não vou me intimidar. Quem aceita esse tipo de ameaça é conivente "
Salles disse que também vai pedir reforço policial para fazer campanha:
- Não vou me intimidar. Quem aceita esse tipo de ameaça é conivente. A que ponto chegamos?
Um cabo eleitoral do candidato Romualdo Boaventura (DEM) foi expulso por traficantes armados da Favela de Acari no último dia 22:
- Eu nem estava fazendo campanha. Fui à favela com o meu carro, que possui adesivos do Romualdo, quando fui cercado por cerca de dez bandidos dizendo que apenas um candidato pode ir lá - contou o cabo eleitoral.

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