quarta-feira, 6 de abril de 2011

MP ajuiza ação contra a Light e CEG

Rio - As constantes explosões de bueiros provocadas pelas instalações subterrâneas de energia elétrica e gás canalizado levaram o Ministério Público do Estado do Rio a ajuizar, nesta quarta-feira, Ação Coletiva de Consumo contra a Light e a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG). O MPRJ entende que as concessionárias, além de violar o Código de Defesa do Consumidor, não têm respeitado princípios básicos da Constituição.

Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

Explosão de bueiro da Light na última sexta-feira deixa cidade em alerta | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

Em caráter liminar (imediato), a ação requer que a Justiça determine que as empresas apresentem, num prazo de 24 horas, a relação de bueiros com risco de explosão e o cronograma para a realização dos reparos definitivos, que devem ser elaborados em no máximo 30 dias; e a fixação de multa de R$ 1 milhão às concessionárias por bueiro que explodir após o término do prazo. Caso não apresentem os dados, o MPRJ pede que seja estabelecida multa de R$ 50 mil por dia.

No julgamento do mérito, os Promotores requerem que as concessionárias sejam condenadas a realizar a manutenção preventiva, adotando técnicas capazes de prever uma possível falha, e também a substituir as instalações que estiverem com mais de 50 anos de operação, sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 1 milhão por explosão de bueiro.

Requerem ainda que os réus sejam obrigados a indenizar os danos patrimoniais e extrapatrimoniais aos consumidores atingidos pelos acidentes de consumo e a indenizar o dano moral coletivo causado à população, no valor de R$ 1 milhão.

'Campo minado’

A ação sustenta que, ao colocar em risco a vida, a integridade física e o patrimônio de milhares de consumidores fluminenses, tanto a Light quanto a CEG estão prestando seus respectivos serviços com sérios vícios de qualidade.

Os Promotores ressaltam que nenhuma outra metrópole mundial apresenta “tamanho descontrole das câmaras subterrâneas”, com o “lançamento de um artefato pesado nas alturas tão somente em razão de falha de manutenção conjunta dos sistemas de distribuição de energia e de gás”. Também traçam um paralelo entre a situação do Rio e a de países onde há ataques terroristas:

“Os resultados e riscos do fornecimento do serviço são evidentemente inaceitáveis, pois as concessionárias transformaram as ruas e avenidas da cidade em verdadeiros campos minados.

O vício de prestação de serviço praticado pelas rés não encontra paralelo com qualquer outro contexto, exceto o do terrorismo. O risco de conviver com explosões letais inesperadas só existe em locais com conflitos armados e ameaças de bomba”, afirmam na ação.

“O vício na prestação de serviço é tão grave que não seria exagero compará-lo ao terror, só que provocado não por um conflito étnico-religioso, mas pela falta de investimentos em manutenção dos sistemas subterrâneos. De qualquer maneira, não resta dúvida de que toda a população está temerosa e aterrorizada”, acrescentam.

58 ocorrências

Dois Inquéritos Civis instaurados no MP apuraram os incidentes desde 2010, concluindo que estavam relacionados à falta de manutenção das instalações de responsabilidade das duas concessionárias. Instalações de gás mal conservadas causam o vazamento desse combustível, que, em contato com faíscas provenientes de instalações elétricas precárias, provocam explosões. No total, 58 ocorrências desse tipo foram apuradas. A ação menciona que as concessionárias deixaram de elaborar um cronograma de vistorias e inspeções periódicas que poderiam evitar as explosões.

Ano passado, após a explosão que feriu, em junho, um casal de turistas americanos, o Ministério Público formou grupo de trabalho com a Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (CAPA) do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) para cuidar do assunto em caráter preventivo. O Promotor Pedro Rubim participou da primeira reunião da comissão este ano, realizada em 15 de fevereiro.

Vistoria

Nesta quinta-feira, o Promotor de Justiça Pedro Rubim Borges Fortes participará de vistoria em bueiros do bairro de Copacabana, na Zona Sul, ao lado de fiscais do Crea-RJ.

O ponto de encontro será na Avenida Nossa Senhora de Copacabana esquina com a Rua Bolívar, local onde ocorreu a explosão da última sexta-feira.

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