sábado, 28 de janeiro de 2012

Vítimas tentaram fugir da morte

Ao menos 4 corpos estavam em área de escape. Um morto foi parar em um lixão de entulhos

Rio - Algumas vítimas da tragédia na Avenida Treze de Maio tiveram tempo para tentar fugir desesperadamente da morte, ao perceberem que o prédio de número 44, de 20 andares, desabava. Segundo o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante Geral do Corpo de Bombeiros, Sérgio Simões, pelo menos quatro corpos foram encontrados entre os escombros de um corredor e escada que davam acesso à área de escape do edifício. Esse beco não ruiu. Um corpo que seria de uma mulher foi jogado com os entulhos em aterro de lixo em Duque de Caxias, na Baixada.

“O local em que estavam nos faz crer que as pessoas tentaram deixar o local às pressas. Tudo indica que o prédio deu sinais de que viria abaixo e houve um momento em que as pessoas tentaram sair dele, mas, infelizmente, não conseguiram”, lamentou o comandante Simões.

Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Apesar da chuva, durante o dia ainda houve muita fumaça e poeira no local da tragédia | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

De acordo com o secretário, todos os corpos já encontrados estavam muito machucados, com cortes profundos e grandes traumas. “Esses são mais indícios de que essas pessoas não morreram por causa de uma possível explosão provocada por gás, mas atingidas por enormes pedaços de concreto e vergalhões. Esse cenário nos mostra que houve um impacto muito forte da estrutura”, comentou o coronel.

Apesar do pânico e correria que pode ter ocorrido em alguns andares, outras vítimas não tiveram tempo sequer de sair das salas. Outros corpos foram encontrados em meio a destroços de carteiras de estudantes, sugerindo que eles estivessem ainda sentados na hora da tragédia.

Os cadáveres seriam de alunos de um curso de informática da empresa Tecnologia Organizacional (TO), que ocupava seis pavimentos. As aulas costumavam acabar às 20h30, três minutos antes da hora em que o prédio 44 ruiu, derrubando mais dois.

Mais mortos podem estar em depósitos da Comlurb

O coronel Sérgio Simões não descartou que possa haver outros corpos no depósito de entulho da Comlurb às margens da Rodovia Washington Luis, em Duque de Caxias, ou na área pública usada para este fim na Zona Portuária.

Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Na madrugada desta sexta-feira, funcionários da Comlurb encontraram o corpo no depósito de lixo, em Caxias. “Pode haver (mais corpos), embora haja uma supervisão permanente nesses locais. Se no término dos trabalhos o número de pessoas desaparecidas informadas não bater com os encontrados, poderemos ter que checar de novo esses locais”, admitiu.

Simões minimizou o erro da equipe que está removendo os escombros: “Isso aconteceu num momento crítico, em que as equipes de resgate trabalhavam sob chuva intensa e de madrugada. Não considero uma falha e isso não tira o brilho e a dedicação dos bombeiros nessa operação dolorosa”, defendeu ele. O secretário garantiu que já pediu “mais atenção” dos operários.

Famílias podem ganhar na Justiça indenizações de até R$ 1 milhão

Famílias dos mortos no desabamento terão direito a indenizações que podem chegar a R$ 1 milhão. Segundo o advogado Leonardo Amarante, para se chegar ao valor, multiplica-se a renda mensal da vítima pelo número de anos que ela ainda teria de vida, a chamada sobrevida, calculada pela IBGE.

Para dar entrada nas ações na Justiça, os parentes deverão aguardar o laudo da perícia e a conclusão do inquérito policial, que poderá indiciar responsáveis pela tragédia. “A dor da perda de uma vida não tem preço. Mas a indenização atenua esse sofrimento”, pondera Amarante, que representa vítimas de acidentes como Palace II e Bateau Mouche.

Caberá ao juiz arbitrar o valor. As indenizações menores, para funcionários que ganhavam um salário mínimo, devem ficar em torno de R$ 300 mil. Segundo o advogado, o seguro do prédio serve só para cobrir bens materiais perdidos no desmoronamento.

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