domingo, 8 de janeiro de 2012

Dique se rompe em Cardoso Moreira e 1500 pessoas ficam desalojadas

Rio - O rompimento de um dique na localidade de Outeiro, no município de Cardoso Moreira, na região Norte do estado deixou cerca de 1500 pessoas desalojadas. De acordo com o coordenador regional de Defesa Civil, coronel Joaquim Pires, as famílias estão sendo transferidas para a parte mais alta de Outeiro e ficarão em abrigos.

De acordo com o coordenador, o rompimento do dique foi causado pela cheia do rio Muriaé, que banha a cidade. Mais de 100 homens do Corpo de Bombeiros estão no local para ajudar na retirada das famílias.

Ainda segundo Pires, o rompimento não vai agravar a situação na localidade de Três Vendas, em Campos dos Goytacazes, onde um outro dique se rompeu, alagando as casas e deixando quatro mil pessoas desalojadas.

Pezão: 'Ninguém aguenta mais contar prejuízo por causa de chuva'

Após novas enchentes, o vice-governador Luiz Fernando Pezão vai visitar os municípios do Noroeste Fluminense afetados pelas chuvas. A comitiva vai permanecer dois ou três dias e visitar as principais cidades atingidas pelo temporal, como Itaperuna, Italva e Laje de Muriaé.

"Ninguém aguenta mais contar prejuízo todo ano naquela região. Há cinco anos que estou no Governo, já é a terceira vez que vou visitar aqueles municípios por causa de enchentes. Temos que amenizar o sofrimento daquele povo", disse o vice-governador a O DIA.

Pezão disse que deve apresentar em breve um projeto junto ao Ministério da Integração Nacional para a construção de barragens na região. Ele deve procurar também o governo de Minas Gerais, já que os rios das localidades nascem naquele estado.

Três deslizamentos assustaram os moradores do Norte e Noroeste do estado na madrugada e na manhã deste domingo. Em Natividade, um homem ficou soterrado após o desabamento de uma casa na localidade de Cruzeirinho, zona rural do município. A vítima,  um idoso de 63 anos, ficou soterrado até a cabeça,  sofrendo escoriações. Depois de ser atendido no hospital local, recebeu alta e está em um abrigo da prefeitura, localizado em uma creche.

Em Laje de Muriaé, um deslizamento de terra atingiu uma obra de contenção de encostas. Não havia pessoas no local. Em Itaperuna, uma casa no bairro de São Mateus foi atingida pelas terras, mas ningém ficou ferido.

"Estamos fazendo um apelo para que todas as famílias que vivem em comunidades localizadas em área de risco de encosta sem muro de contenção procurem casas de parentes para se abrigar. Se não houver familiares, eles podem fazer contato com a Defesa Civil para procurar um abrigo", disse o coronel Joelson Oliveira, coordenador da Defesa Civil de Itaperuna.

Foto: Leitor @engandreraeli

Avenida Cardoso Moreira, em Itaperuna | Foto: Leitor @engandreraeli

Itaperuna registrou 120mm de chuvas na madrugada deste domingo - três vezes mais do que o esperado. Oito bairros e todo o distrito de Retiro de Muriaé estão embaixo da água. Três mil famílias estão desalojadas em decorrência das tempestades.

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) alterou, às 6h deste domingo, para o estágio de alerta máximo a situação do Norte e Noroeste. A região é cortada pelo Rio Muriaé, que voltou a encher com a chuva desta madrugada. De acordo com o Inea, estão em alerta máximo os municípios de Cardoso Moreira, Laje do Muriaé, Itaperuna e Italva, sendo que os três últimos ainda entraram em estado de alerta para deslizamentos.

Segundo o coordenador da Defesa Civil no Noroeste do estado, coronel Douglas Paulich, todos os municípios afetados pelas chuvas no início da semana, com exceção de Santo Antônio de Pádua, voltaram a ser atingidos pelas tempestades. "Tivemos na madrugada o processo da segunda enchente. Os córregos transbordaram e elevaram o nível do Rio Muriaé. É uma enchente que subiu rápido e deve baixar rápido também", afirmou.

Estrada é interditada

O tráfego em uma estrada que liga os municípios de Campos dos Goytacazes e Cardoso Moreira está interrompido após a queda de duas barreiras, neste domingo. A via era a principal ligação entre as cidades após o rompimento de um dique que interditou a rodovia BR-356. "Felizmente não houve nenhum óbito. O trajeto que fica na zona rural é perigoso e fica muito próximo valões", disse Sidney Damasio, assessor de imprensa da prefeitura de Cardoso Moreira.

Foto: Leitor @engandreraeli

Avenida Cardoso Moreira, em Itaperuna, totalmente alagada neste domingo | Foto: Leitor @engandreraeli

Em Italva, foram 70mm de precipitação. As principais ruas do Centro estão alagadas. Segundo a Prefeitura do município, já foram 12 feridos, 650 desalojados e 150 desabrigados. A estimativa é de que 7 mil dos 15 mil habitantes de Italva tenham sido afetados pelas chuvas.

"As pessoas já tinham voltado para susas casas, mas a chuva desta vez foi ainda pior. Os morros estão com grandes riscos de deslizamento a qualquer momento", disse o prefeito de Italva, Joelson Soares, que pode decretar estado de calamidade pública ainda neste domingo.

Em Natividade, até a tarde deste domingo, oito pessoas encontravam-se desalojadas e outras cinco, desabrigadas, de acordo com a Defesa Civil.

Mais chuva nesta segunda-feira

De acordo com a previsão do tempo, nesta segunda-feira, os temporais voltam com força em todo o estado por causa da chegada de uma frente fria. De acordo com o meteorologista Paulo Matsuo, do Climatempo, o tempo só melhora na quinta-feira. Em todo o estado, são 7.707 pessoas desalojadas e 2.510 desabrigadas por causa das enchentes. Duas pessoas morreram, em Miguel Pereira e Laje de Muriaé.

Apesar da inundações, cerca de 2 mil famílias de Três Vendas se recusaram a deixar suas casas. Muitas permanecem em cima das lajes. Equipes da prefeitura estão indo de casa em casa, de barco, levando alimento, água e colchonete e orientando os moradores a saírem para os abrigos. Um posto comunitário foi montado na localidade pela Defesa Civil para atender às vítimas, com médicos e doações de cestas básicas.

De acordo com a prefeitura, a comunidade levará três meses para se recuperar dos prejuízos. O governo do Estado estima uma perda de 1,5 mil toneladas de produtos agrícolas nas lavouras de milho, mandioca e abóbora e 80 mil litros de leite por dia. Não há risco de desabastecimento.

Com reportagem de Pedro de Figueiredo

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