terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Bombeiros recolhem mais partes de corpos em depósito na Baixada

De acordo com a corporação, chega a 10 o número de partes recolhidas de vítimas de desabamento de três prédios no Centro

Rio -  A Secretaria Estadual de Defesa Civil do Rio informou na tarde desta terça-feira que já recolheu dez partes de corpos de vítimas do desabamento de três prédios no centro da capital em um depósito na rodovia Washington Luiz, na Baixada Fluminense, para onde estão sendo levados os entulhos. Ainda não se sabe se o restos mortais pertencem à vítimas já identificadas ou se a outras pessoas que continuam desaparecidas.

Ato ecumênico foi feito em homenagem aos mortos e desaparecidos no desabamento dos prédios | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Ato ecumênico foi feito em homenagem aos mortos e desaparecidos no desabamento dos prédios | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

De acordo com o órgão, só hoje, foram recolhidas dois pedaços. Todo o material está sendo levado para o IML (Instituto Médico Legal). O reconhecimento poderá ser feito por exame de DNA. Alguns parentes das vítimas já tiveram o material genético recolhido para análise.

A tragédia, ocorrida no último dia 25, já tem 17 mortes confirmadas. Cinco pessoas continuam desaparecidas. Os bombeiros prosseguem com as buscas no local do desmoronamento, na avenida Treze de Maio.

Dos 17 mortos, 15 já foram identificados:

Daniel de Souza Jorge Amaral, 26 anos,

Miriene Lopes dos Santos, de 66 anos,

Moisés de Araujo Costa, de 57 anos;

Elenice Consani Quedas, de 64 anos;

Kelly da Costa Meneses, de 24 anos;

Margarida Vieira de Carvalho, de 65 anos;

Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos;

Flavio Porrozzi Soares, de 34 anos;

Nilson Assunção Ferreira, de 50 anos;

Amaro Tavares da Silva, de 40 anos;

Alessandra Alves Lima, de 29 anos;

Celso Renato Braga Cabral, de 46 anos;

Gustavo da Costa Cunha, de 34 anos;

Luiz Leandro de Vasconcellos

Margarida de Carvalho.

Parentes acompanham buscas em depósito

Representantes da Associação das Vítimas da Treze de Maio acompanham o trabalho dos bombeiros nesta terça-feira no depósito da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A recém-criada entidade teve garantida sua presença no local por medida judicial.

O grupo de advogados que fundou a associação mantinha um escritório no 13º andar do Edifício Liberdade, que ao desabar, pôs abaixo também mais dois prédios. Na noite desta segunda-feira, mais dois corpos, dos 17 resgatados, foram identificados pela Polícia Civil. Os corpos são de Daniel de Souza Amaral, de 26 anos, sepultado nesta terça, e Miriene Lopes dos Santos, de 66 anos.

Os bombeiros continuam vasculhando a montanha de entulhos com o auxilio de máquinas e cães farejadores. A todo momento, o trabalho das retroescavadeiras é interrompido para que os animais façam a procura por possíveis vítimas.

Também na manhã desta terça-feira, a advogada Ildenia Castro, que trabalhava em um escritório de contabilidade do Edifício Colombo, esteve no depósito da Comlurb buscando informações com a Defesa Civil para reaver pertences. Ela recebeu explicações sobre os procedimentos adotados pela Prefeitura, em conjunto com o governo do estado, para separação dos documentos e objetos de interesse das pessoas e empresas que tiveram perdas materiais no desabamento.

Enterro de jovem de Niterói

Sob clima de muita comoção, o corpo do analista de sistemas Daniel de Souza, de 26 anos, uma das vítimas do desabamento de três prédios na última quarta-feira, foi sepultado nesta terça no Cemitério do Maruí, em Niterói, na Região Metropolitana. Cerca de 100 pessoas, entre amigos e parentes, acompanharam o cortejo. A mãe de Daniel passou mal durante o enterro e precisou ser amparada. Daniel era casado há pouco mais de um mês.

"A gente não esperava. Minha mãe está a base de remédios", disse Daniele, irmã da vítima. Daniel, segundo familares, fazia hora-extra porque trabalhava em um projeto com outros colegas.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Femiliares e amigos se emocionaram durante enterro de Daniel | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Retirada dos escombros

Uma empresa de engenharia vai realizar a retirada do reboco do prédio vizinho ao edifício Liberdade, um dos três que desabou na última quarta-feira, no Centro. O trabalho, segundo o engenheiro Manoel Jorge Dias, especialista em implosão, será feito manualmente por funcionários com auxílio de uma plataforma.

"A Prefeitura contratou uma empresa especializada em fazer escoramentos e retirada dos escombros que ainda estão pendurados. Essa empresa também vai auxiliar o trabalho do Corpo de Bombeiros, para acessar locais que ainda não foram acessados, como o prisma de ventilação de aproximadamente 12 metros, onde possivelmente há pessoas”, disse o subsecretário de Defesa Civil, Márcio Motta.

Encaminhadas para o IML, as partes de corpos encontradas serão submetidas a exames de DNA para saber se são da mesma pessoa ou de vítimas diferentes. “Há situações parecidas em que os corpos nunca foram encontrados. É uma possibilidade. Além disso, os corpos podem estar carbonizados. Por isso, além de partes de corpos, começo a procurar ossos”, afirmou Simões.

Para garantir que mais nada possa ter sido levado por engano para o galpão, os bombeiros começaram a peneirar o material, separando partes sólidas das líquidas. Na área do desabamento, na Avenida Treze de Maio, quase 95% da pilha de concreto já foi retirada. Por causa disto, a equipe de resgate e o uso de maquinários foram reduzidos para uma escavadeira e 15 homens. As ações agora se concentram no duto de ventilação e na parte dos fundos dos imóveis, onde ainda há entulho e mau cheiro.

“Os trabalhos vão continuar até que tenhamos convicção de que não há mais nada. A diferença é que estamos em áreas onde máquinas não entram. É mais manual”, disse.

Questionado sobre a rapidez na remoção do entulho, o que poderia ter causado a mutilação de corpos, Simões garantiu que a prioridade era a busca por sobreviventes. “Se não tivesse sido rápido, talvez diriam que não priorizei possíveis sobreviventes. O trabalho foi difícil. Tudo está muito compactado e, isso por si só, já mutila os corpos”.

Segurança e fiscalização

Para aumentar a segurança e a fiscalização no galpão da Comlurb em Duque de Caxias, para onde estão sendo levados os destroços dos prédios, a Prefeitura do Rio instalou duas câmeras que monitoram os trabalhos durante 24 horas. O prefeito Eduardo Paes voltou a comentar o episódio de possíveis furtos em um depósito na Zona Portuária e chamou de “delinquentes” os quatro funcionários suspeitos de uma empresa privada. Eles foram demitidos.

“As câmeras ajudarão a reforçar a segurança no depósito, pois é inacreditável que estes delinquentes estivessem mexendo em entulhos de uma tragédia como essa”, afirmou.

Por enquanto, todo o entulho está sob responsabilidade do Corpo de Bombeiros. Somente após a conclusão das buscas, a Polícia Civil e o Instituto de Criminalística Carlos Éboli realizarão a perícia técnica nos escombros. Depois, uma empresa que ainda será contratada pela prefeitura, ficará responsável por fazer a separação dos bens materiais que estão em meio aos escombros.

As informações são do IG

O Dia Online

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