terça-feira, 6 de abril de 2010

Passa de 90 o número de mortos por causa das chuvas no Rio

Rio - Já são 93 os mortos em função das chuvas que atingem o estado do Rio  desde a tarde desta segunda-feira, de acordo com informações oficiais da Defesa Civil estadual e municipal. Apenas em Niterói, 41 pessoas morreram.

Em todo o Estado mais de 200 pessoas estão desabrigadas. O número de feridos já passa de 40.

No Morro dos Macacos, em Vila Isabel, foram cinco mortos, todos de uma mesma família que morava na rua Senador Nabuco.

Um deslizamento de terra causou mais cinco óbitos no Morro do Andaraí e outros três no Morro do Turano, ambos na Zona Norte.

A tragédia também fez uma vítima no bairro de Jacarepaguá, na Zona Oeste.

Foto: Fabio Gonlçalves / Agência O Dia

Bombeiros resgatam corpo de bêbe morto no Morro do Borel | Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia

A Defesa Civil contabilizou 13 mortos e 15 feridos no Morro dos Prazares, em Santa Teresa. O caos também se abateu sobre a Região Metropolitana.

A prefeitura de Niterói informou que as mortes no município em decorrência do temporal já somam 22 pessoas. Em São Gonçalo, o número chega a nove.

Segundo os bombeiros, muitos corpos ainda estão desaparecidos. Nilópolis, na Baixada Fluminense, registrou uma vítima.

Em Petrópolis, na Região Serrana, houve a notificação de uma pessoa morta.

Segundo o leitor Thiago de Melo, pelo menos duas pessoas morreram e outras sete estão soterrados no Morro do Estado, no Centro de Niterói.

"O caso é grave, já que pelo menos três casas estão soterradas. O número de vítimas pode ser muito maior, de acordo com moradores do local", explica Thiago.

Na tarde desta terça-feira, a CET-Rio informou que interditou a Avenida Niemeyer, na altura do Mirante, nos dois sentidos, por causa de uma queda de barreira que obstruiu a via. Até que a Comlur consiga limpar as pistas e os técnicos examinem o local, o trânsito estará fechado.

Eduardo Paes: 'Não saiam de casa'

Em comunicado, o prefeito Eduardo Paes pediu que a população não saia de casa e evite deslocamentos pela cidade, principalmente em direção ao Centro. A Defesa Civil emitiu alerta máximo de deslizamentos em todo o Rio.

"A situação é de caos. Todas as principais vias da cidade estão interrompidas e é um risco enorme. Não saiam de casa, não levem seu filho à escola até que possamos avaliar melhor a situação e alterar a orientação. Ainda chove muito. Se preservem e tomem muito cuidado, principalmente as pessoas que moram em áreas de risco. A situação é muito crítica", alertou o prefeito.

"Temos uma chuva que já dura mais de 15h e são muitos pontos críticos. Estamos pedindo à população que evite sair de casa. Não há como chegar ao Centro da cidade. A Niemeyer está interditada assim como a Ponte Rio-Niterói e outros lugares. Não queremos nos eximir de responsabilidade, mas está chovendo de uma forma atípica.

Árvores estão caindo e a Lagoa Rodrigo de Freitas está com 1m e 40 cm. O que mais nos preocupa é a perda de vidas e por isso estamos trabalhando. Estamos pedindo às escolas particulares para que liberem seus alunos, assim como fizeram as escolas municipais", disse Eduardo Paes em entrevista à TV Globo.

Aulas suspensas em toda a cidade

As aulas nas redes municipal e estadual de ensino estão suspensas nesta terça-feira. O Reitor da UERJ, Ricardo Vieiralves, também determinou a suspensão das aulas, já que a situação é bastante complicada no entorno da Universidade.

A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) decidiu adiar a segunda partida entre Unilever (RJ) e Blausiegel/São Caetano (SP), que seria disputada no ginásio do Maracanãzinho, às 21h, pelas semifinais da Superliga Feminina de vôlei. A chuva alagou o estádio. A nova data da partida será definida pela CBV após reunião com as equipes.

Em Alcântara, São Gonçalo, rio que corta o bairro inundou as ruas | Crédito: Leitor Paulo Cesar

Transportes confusos em toda a cidade

O temporal e a dificuldade de locomoção nas ruas do Rio e Niterói estão comprometendo a operação da concessionária Barcas S/A, já que parte da tripulação (comandantes, chefes de máquinas, marinheiros, amarradores de corda etc.) não está conseguindo chegar às estações da Praça XV, Niterói e Charitas.

Dessa forma, em vez de 10 minutos, as partidas estão sendo feitas com intervalos de 20 minutos na linha Niterói-Praça XV. Já o trecho  Charitas-Praça XV está inoperante.

Por volta das 15h, a SuperVia divulgou um comunicado oficial informando que um esquema especial foi montado devido às fortes chuvas que estão ocorrendo desde o fim da tarde desta segunda-feira.

O Ramal de Japeri, Santa Cruz e Belford Roxo estão com circulação normal, e com intervalos de 15 minutos no primeiro e 30, no segundo.

Já o ramal de Saracuruna, teve a circulação normalizada às 15h30. Segundo a concessionária Metrô Rio, a circulação ocorre normalmente nas linhas 1 e 2.

Os aeroportos Santos Dumont e o Internacional Galeão-Antônio Carlos Jobim estão abertos para pousos e decolagens, mas operam por instrumentos. Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), apenas os voos para Brasília registram atrasos.

Caos na cidade

Desde que a chuva começou, por volta das 17h30 desta segunda-feira, uma série de congestionamentos provocou transtornos no tráfego no Rio. A situação mais crítica, de acordo com a Guarda Municipal, ocorreu na Praça da Bandeira, que é um dos locais de acesso a vários pontos do Centro.

O local ficou totalmente alagado e o nível da água chegou a atingir 1,5 m, impedindo a passagem de carros e ônibus. Nesse ponto, assim como na Avenida Maracanã, bombeiros usaram barcos e botes infláveis para auxiliar motoristas e pedestres.

Cerca de 40 pessoas foram resgatadas pela Defesa Civil durante a madrugada. Elas estavam dentro de três ônibus (dois da linha 606, viação Matias, e um da linha 268, da viação Redentor) que estavam sendo tomados pela forte chuva.

Em São Cristóvão, várias ruas permaneceram alagadas por toda a madrugada, especialmente a Pedro II, Melo e Souza, Figueira de Melo e Francisco Bicalho. O nível de água ultrapassou 0,5 m nessas vias, que ficaram intransitáveis, devido ao transbordamento do Canal do Mangue, que fica entre as duas pistas da Francisco Bicalho.

Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

Policial militar ilhado no teto de um carro para se proteger de alagamento na Praça da Bandeira, na Zona Norte | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

Na Tijuca, com o transbordamento do Rio Maracanã, automóveis ficaram submersos e motoristas tiveram que ser resgatados. Isso provocou alagamentos em diversas vias próximas, como a Boulevard 28 de Setembro, próximo à rua Felipe Camarão.

Na Praça da Bandeira, nas avenidas Presidente Castelo Branco e Maracanã, bem como nas ruas Conde de Bonfim e General Canabarro, o nível da água encobriu os pneus dos carros.

Na Avenida Brasil, principal porta de entrada da cidade, pelo menos cinco trechos ficaram alagados: Caju, Manguinhos, Bonsucesso, Ramos e Parada de Lucas. Quem circulou pela Zona Sul também encontrou trechos castigados pelo temporal.

A Rua Jardim Botânico, na altura da Rua Pacheco Leão e do Parque Lage, e a Rua Voluntários da Pátria, na altura da Real Grandeza, foram os pontos mais castigados, e os motoristas encontraram grandes bolsões d'água.

Na Avenida Prefeito Mendes de Moraes, em São Conrado, onde mora o ex-prefeito Cesar Maia, bueiros entupidos ocasionaram grandes transtornos e muito acúmulo de água nas vias.

O trânsito parado em toda a cidade motivou arrastões, que foram registrados na Linha Amarela, Avenidas Brasil, Pastor Martin Luther King Júnior (ex-Automóvel Clube) e Dom Hélder Câmara (ex-Suburbana).

No Forte de Copacabana, as rajadas de vento chegaram a 75km/h. Pelo menos sete bairros ficaram sem energia por causa da queda de redes elétricas: Ilha do Governador, São Conrado, Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Alto da Boa Vista, Tijuca e São Cristóvão. Por volta de meia-noite, a chuva diminuiu, mas cerca de uma hora depois voltou com toda a força e fez o Rio Maracanã transbordar mais uma vez.

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