quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Delegado vai indiciar médico do Salgado Filho por omissão de socorro

Rio - O delegado títular da 23ª DP (Méier), Luiz Archimedes, que investiga o caso da menina Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos, vítima de uma bala perdida na noite do Natal, que esperou durante oito horas por uma cirurgia, afirmou nesta terça-feira, que vai indiciar o neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves por omissão de socorro.

Gonçalvez deveria estar de plantão no Hospital Municipal Salgado Filho, para onde a menina foi levada, na noite de Natal, mas não compareceu. Por isso, a bala que atingiu a cabeça de Adrielly não foi retirada imediatamente e a menina esperou por oito horas, até ser transferida para outra unidade.

Chefe de Plantão afirma que não conhece pessoalmente o médico faltoso

Nesta terça, depois de faltar a duas convocações da polícia, o chefe do plantão do Hospital Salgado Filho, o médico Ênio Eduardo Lima Lopes, compareceu à 23ª DP (Méier) para prestar esclarecimentos. De acordo com o delegado, o médico disse em depoimento que apesar de trabalharem no mesmo plantão há dois anos, não conhecia pessoalmente o neurocirurgião Adão Crespo Rodrigues, que faltou ao plantão de Natal e provocou a demora no atendimento à Adrielly.

No depoimento, Lopes afirmou que, ao tomar conhecimento da gravidade do fato e da falta de um médico neurocirurgião, solicitou via fax um laudo de vaga a outro hospital que tivesse a especialização de neurocirurgia.

Médico Adão Crespo dos Santos é ouvido na 23ª DP | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

Médico Adão Crespo dos Santos é acusado pela família de omissão de socorro | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

O documento foi enviado através de um funcionário do Núcleo Interno de Regulação (NIR) do Hospital. Mais tarde, outro funcionário do NIR confirmou o recebimento na Central Reguladora de Vagas.

O médico disse que ficou aguardando uma resposta da Central Reguladora de Vagas e outra ambulância para transportar a vítima, mas não obteve êxito. O chefe da emergência afirmou ainda que a criança teve todo o suporte da equipe médica ao dar entrada no hospital. Ainda segundo o delegado, os dois funcionários da NIR também já foram chamados para prestar depoimento.

O médico Mário Lapenta, responsável pela cirurgia para retirada da bala que atingiu a jovem Adrielly foi ouvido na 23ª DP (Méier) nesta segunda-feira.

Em depoimento, Lapenta negou que a morte de Adrielly tenha ocorrido devido às oito horas de espera ocasionadas pela falta do plantonista Adão Crespo Rodrigues. Segundo o médico, a lesão provocada pelo disparo foi grave o suficiente para gerar o óbito, ainda que a menina fosse operada imediatamente.

Menina de 10 anos foi baleada na cabeça durante noite de Natal | Foto: Agência O Dia

Menina de 10 anos foi baleada na cabeça durante noite de Natal | Foto: Agência O Dia

Vítima morreu na última sexta-feira

A menina Adrielly, de 10 anos, morreu na tarde da última sexta-feira, no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. Adrielly teve morte cerebral confirmada no domingo anterior.

Adrielly deu entrada no dia 26 de dezembro em estado grave na unidade, após ser transferida do Salgado Filho, no Méier, onde esperou oito horas para ser operada. Ela será enterrada neste sábado, em horário ainda não definido, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte.

A criança havia sido atingida por uma bala perdida na comunidade Urubuzinho, em Pilares, Zona Norte do Rio, e ficou no hospital sem atendimento na noite do Natal.

O neurocirgurgião Adão Crespo Gonçalves, que estava de plantão na ocasião, faltou ao trabalho.

O Dia Online

Nenhum comentário: