Ainda de acordo com a Seseg, o município fluminense está dentro do planejamento para ser beneficiado com uma UPP
Rio - A Secretaria de Segurança Pública (Seseg) divulgou, nesta quinta-feira, uma nota na qual nega novamente a migração de bandidos das áreas do Rio ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) para Niterói. A megaoperação em comunidades da Região Metropolitana prossegue com mais de 400 policiais militares em busca acusados de tráfico de drogas. Até o momento, 13 pessoas foram presas durante a Operação Torniquete.
"Os setores de inteligência da Secretaria de Segurança e das polícias acompanham, constantemente, o deslocamento das manchas criminais e dos criminosos que fugiram das regiões pacificadas da cidade do Rio. Nesse acompanhamento, não há dados relevantes que indiquem uma migração em massa de bandidos. Isso fica comprovado com a comparação dos dados dos principais indicadores de criminalidade da região de Niterói entre os anos de 2007 e 2011".
Policiais fazem incursões em diversas comunidades de Niterói | Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia
Ainda de acordo com a Secretaria, a região de Niterói está dentro do planejamento para ser beneficiada com uma UPP, mas não será divulgado nem quando e nem onde a unidade será instalada.
Resultados 'satisfatórios'
O comandante do 4º Comando de Policiamento de Área (CPA), coronel Maurício Santos de Moraes, acredita que a operação nomeada pela PM de Torniquete não tem previsão de hora para acabar. "O importante é buscar resultados", afirmou. O objetivo da ação é combater o tráfico de drogas e confirmar denúncias de que bandidos foragidos do Rio após implantações de UPPs tenham invadido favelas de Niterói.
O coronel Moraes avaliou como "satisfatórios" os resultados alcançados até agora. "Além dos presos, conseguimos arrecadar armas, drogas, carros, vans, motos. Estamos entrando nas comunidades nas viaturas e, até agora, está tudo muito tranquilo. Estamos sempre verificando as denúncias que foram feitas ao longo do tempo", explicou.
Entre as pessoas detidas até o momento, nove são homens e outras quatro, menores. Agentes do 12º BPM (Niterói), 7º BPM (São Gonçalo), 35º (Itaboraí) e 25º BPM (Cabo Frio), com apoio do Grupamento Aeromarítimo da PM, vasculham as comunidades da Grota, Viradouro, Nova Brasília e Castro, além de diversos outros pontos do município. Em Maricá, as favelas Risca Faca, Fonte Quebrada e Multidão também são alvo dos policiais.
Policiais no Morro do Castro | Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia
Dois menores foram apreendidos na Alameda São Boaventura, no Fonseca, suspeitos de roubo. No mesmo local, foi preso um homem acusado de pirataria. Na Favela Nova Brasília, na Engenhoca, dois homens foram presos e dois menores apreendidos. Na comunidade, PMs encontraram uma pistola 9mm e uma escopeta calibre 12, além de munições, um radiotransmissor e uma calculadora. Segundo militares, o grupo se assustou com a movimentação policial e tentou se esconder, mas acabou capturado.
Na Favela da Coreia, um suspeito foi preso com material para endolação e radiotransmissor. No Morro do Castro, também na Engenhoca, foram apreendidas 49 pedras de crack, 85 sacolés de cocaína e 99 trouxinhas de maconha. Na Favela do Sabão, no Centro, quatro suspeitos foram presos. Ao todo 30 motocicletas foram apreendidas. Um homem foi preso em Maricá.
Violência causa medo em Niterói
Os sucessivos casos de assaltos em Niterói, como O DIA vem noticiando com frequência nos últimos meses, podem estar relacionados à quantidade de policiais do 12º BPM (Niterói). Responsável também pelo patrulhamento de Maricá, o batalhão conta com 850 PMs, sendo que 17,6 % deles (150) desenvolvem trabalhos administrativos ou estão de licença. Com isso, por dia, apenas 175 homens garantem a segurança de pelo menos 610 mil habitantes e patrulham mais de 491 km² nas cidades vizinhas. Os números impressionam, já que, teoricamente, cada militar cuida de 3,4 mil pessoas e policiar 2,8 km².
No Ingá, região central de Niterói, por exemplo, quadrilha do Morro do Estado assusta. Na sexta-feira, o bando, que, segundo a polícia, é chefiado por Wallace Ribeiro, o Saci, e Alex da Silva Júlio, o Lequinho Capeta — ambos procurados por crimes e com recompensa de R$ 1 mil no Disque-Denúncia (2253-1177) — , fez mais vítimas. Com submetralhadoras e pistolas, roubaram estabelecimento na Rua Nilo Peçanha. Na fuga, Lequinho teria sido baleado.
Foto: Divulgação
Em dezembro, a dupla orquestrou dois assaltos a um restaurante na Rua Presidente Domiciano. No mesmo mês, O DIA publicou reportagens mostrando bandidos do Morro do Estado armados e citou casos de roubos no entorno da favela, no Centro e Ingá.
Flagrados por câmeras, os bandidos chegaram a agredir clientes e, do lado de fora, um deles atirou contra um motorista: “Sem policiamento ostensivo, os ladrões se sentem livres para agir", afirmou o vice-presidente da Federação das Associações dos Moradores do Município de Niterói (Famnit), Fabiano Maia.
Crimes em todas as regiões da cidade
Na Região Oceânica e em São Francisco, na Zona Sul, as ações de outros criminosos também abrangem comércios, embora se concentrem mais em residências. Já em Icaraí, os alvos prediletos são os carros. O subcomandante do 12º BPM (Niterói), major Caetano, garante que o policiamento está sendo feito. “Reforçamos de maneira geral o patrulhamento onde se concentra a mancha criminal e fazemos operações pontuais em algumas comunidades, como o Morro do Estado”, disse o oficial, que garantiu que Lequinho e Saci participaram da ação de sexta.
Na 76ª DP (Centro), a dupla, identificada pelas imagens das câmeras nos assaltos de dezembro, tiveram a prisão preventiva decretada por roubo. “Tentamos pegar imagens na Rua Nilo Peçanha, já que acreditamos que o crime tenha sido praticado por eles”, garantiu o delegado Alexandre Leite. Segundo a assessoria de imprensa da PM, haverá remanejamento de policiais para o 12º BPM, sem entrar em detalhes.
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