sábado, 24 de março de 2012

Adeus Chico Anysio: Mais de 5 mil fãs, familiares e amigos se despedem do mestre do humor

Rio - Mais de 5 mil fãs, junto a esposa, filhos, netos, familiares e amigos de Chico Anysio se despediram do mestre do humor. O corpo de Chico, que morreu nesta sexta-feira após ficar internado desde dezembro do ano passado, foi velado no Theatro Municipal, no Centro do Rio.

A mulher, Magma de Paula, ficou ao lado do corpo do marido durante todo o dia. Muitos famosos prestaram suas últimas homenagens. Dezenas de coroas de flores chegaram ao longo deste sábado. A presidente Dilma e o ex-presidente Lula enviaram rosas em homenagem ao humorista.

Foto: Reprodução de Vídeo

Foto: Reprodução de Vídeo

O corpo de Chico Anysio será cremado no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio, na manhã deste domingo. Suas cinzas serão jogadas no Projac, da TV Globo, e parte irá para Maranguape, no Ceará, aonde o artista nasceu.

Homenagens de famosos e fãs

Uma fã da Ilha do Governador chegou cedo ao Theatro Municipal e ficou com um cartaz à espera de dizer adeus ao mestre do humor. O cartaz da auxiliar de produção Mirlene da Silva, de 45 anos, diz: "Vai com Deus. Deus te guie, saudades de sua fã Mirlene".

"Sou fã do Chico desde 10 anos de idade. Faltei ao trabalho para prestar minha última homenagem. Se eu ficar desempregada, não tem problema", afirma.

Dona Mirlene faz sua homenagem a Chico Anysio | Foto: AgNews

Dona Mirlene faz sua homenagem a Chico Anysio | Foto: Ag. News

O diretor musical da Escolhinha do Professor Raimundo, Tim Rescala, falou sobre o aprendizado proporcionado aos humoristas pela Escolinha. "Foi o maior humorista do Brasil. Ele nunca quis competir com ninguém. A Escolinha serviu como escola para os atores", disse.

"Ele é um grande amigo, extremamente generoso, tenho três quadros pintados por ele. Ele e o Paulo Autran foram dois gênios. Acho impressionante a capacidade que ele tinha de fazer várias coisas e bem feitas", afirmou a atriz Marília Pêra.

Elymar se emocionou ao falar do amigo e não poupou elogios. "Ele era como o Chaplin. Muito mais que o talento, a marca dele era a generosidade. Ele dava oportunidade para novos artistas", disse.

Humorista 'arretado'

Chico Anysio se orgulhava de ser nordestino arretado e de não fugir à luta jamais. Além do gênio criativo, o humorista tinha talento nato para dar declarações polêmicas. Ele nunca teve medo de falar o que pensava e pagou caro algumas vezes por isso.

Na TV Globo, após a saída de José Bonifácio de Oliveira (Boni), que foi vice-presidente de Operações da emissora, em 1998, o humorista foi perdendo espaço na programação e acabou botando a boca no trombone, criticando o excesso de jovens e a condução artística da emissora.

Nos anos 2000, as queixas de Chico não repercutiram bem, ele brigou com a então diretora geral Marluce Dias da Silva e foi punido.

Nizo Neto e Bruno Mazzeo chegam ao velório do humorista no Theatro Municipal | Foto: Jeferson Ribeiro/ AgNews

Nizo Neto e Bruno Mazzeo chegam ao velório do humorista no Theatro Municipal | Foto: Jeferson Ribeiro/ Ag. News

Chico também se gabava de fazer crítica social, com personagens como o político corrupto Justo Veríssimo e a gaúcha Salomé, que conversava ao telefone com o então presidente João Batista Figueiredo e criticava o governo dos militares. “Eu sempre defendi o pobre, o preto, o nordestino, o retirante, o mendigo, o preso e o esfarrapado.

Então, rico, nos meus programas, sempre fez papéis ridículos, nunca fiz um rico que se desse bem”, disse. Quando falava de política, ele também não tinha papas na língua: “No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado”.

Frases inesquecíveis

Outra característica de Chico Anysio era o talento para criar frases inesquecíveis. “O brasileiro só tem três problemas: café, almoço e jantar”, disse ele, fazendo crítica social. Casado seis vezes, o humorista também fez reflexão sobre relacionamentos e filhos:

“Tem coisa que não se discute: filhos detonam qualquer casamento. São maravilhosos, mas fatais”.

Sobre a morte, ele dizia que pensava menos nela do que ela pensava nele:

“Não tenho medo de morrer, tenho pena”.

Música, literatura e artes plásticas

Além de se dedicar ao humor, Chico Anysio foi escritor, artista plástico, compositor e ainda atuou no cinema. Apaixonado por pintura, ele retratou paisagens ao redor do mundo a partir de fotografias que tirava dos países que visitava.

Seus quadros foram expostos em diversas galerias do País. Ele chegou a afirmar que gostaria de ter dedicado mais tempo à atividade, aprender as técnicas e ficar mais conhecido, para poder vender seus quadros por um preço melhor.

Chico foi autor de 21 livros, entre eles os best-sellers: ‘O Batizado da Vaca’, ‘O Telefone Amarelo’, ‘O Enterro do Anão’, ‘É Mentira, Terta?’ e o romance ‘Carapau’. Sua última publicação foi ‘O Canalha’, lançada em 2000.

Ele também compôs várias músicas, muitas delas registradas por Dolores Duran. Gravou mais de 20 discos. Com Arnaud Rodrigues, formou a dupla Baianos e Novos Caetanos, com a qual também lançou disco.

No cinema, Chico fez ‘Tieta’ (1996) e uma participação especial em ‘Se Eu Fosse Você 2’ (2008), recordista de bilheteria. Seu último trabalho foi como dublador na animação ‘Up — Altas Aventuras’.

O Dia Online

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