domingo, 18 de março de 2012

Polícia investiga aumento de bocas de fumo na Rocinha. Traficante Canelão está de volta

Paulo Carvalho

Mesmo estando ocupada desde novembro do ano passado, a favela da Rocinha, em São Conrado, continua sob forte influência do tráfico de drogas e amedronta a população, que passou a não mais colaborar com a polícia com informações. O delegado Fábio Barucke, da 15ª DP (Gávea) já investiga o aumento no número das bocas de fumo no local.

A explicação dada pela polícia é a de que traficantes estão usando o chamado tráfico “formiguinha” para movimentar os pontos de venda de drogas de forma itinerante. Segundo os moradores, as antigas bocas das ruas 1, 2 e do Valão continuam funcionando normalmente.

Vista da entrada da Rocinha: mais pontos de venda de drogas

Vista da entrada da Rocinha: mais pontos de venda de drogas Foto: Pedro Teixeira / Extra

A ousadia do tráfico se tornou evidente em fevereiro, quando os traficantes Leão e PQD, considerados homens de confiança de Antonio Bonfim Lopes, o Nem, foram mortos num golpe de estado dentro da comunidade. Apontado como o responsável pelas mortes, o traficante Amaro Pereira da Silva, o Neto, pode estar ganhando um reforço de peso na quadrilha: há pelo menos 20 dias, Inácio de Castro Silva, o Canelão, é visto pelas ruas da Rocinha.

Nascido e criado na favela, Canelão abandonou a região em 2008 quando entrou em conflito com Nem. Contra o bandido, existem dois mandados de prisão expedidos por tráfico e associação para o tráfico pela 38ª Vara Criminal da capital.

Moradores têm receio de denunciar

Canelão começou a ganhar fama depois de ter executado Orlando José Rodrigues, o Soul, em 2005. Ele seria o homem que assumiria a favela no lugar de Erismar Rodrigues, o Bem-Te-Vi, morto pela polícia. Bandido tido como mulherengo e bonito, ele tinha várias namoradas no tempo em que gerenciou as bocas de fumo da parte alta da favela.

De acordo com o delegado Fábio Barucke, as apreensões diminuíram na favela porque os moradores estão com receio de denunciar. Ele confirmou que geralmente são feitas duas apreensões por semana por agentes do Batalhão de Choque, hoje responsáveis pela ocupação da favela.

— Temos notícias de que as bocas aumentaram, mas que eles estão com pequenas quantidades de drogas. E sem armas — afirmou o delegado da 15ª DP.

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar admitiu que a venda de drogas na Rocinha “é uma triste realidade que se repete”. A PM informou ainda que não pode detalhar os locais de vendas de drogas, em função do ambiente informal da comunidade.

PM exalta tomada de território

A Polícia Militar diz ainda que o mais importante foi a tomada de território quando os traficantes deixaram de ostentar armas, e a população passou a ter o direito de ir e vir. Pelos números oficiais, desde a ocupação da Rocinha e do Vidigal 49 pessoas foram presas e a polícia apreendeu 59 fuzis, 36 pistolas, nove carabinas, sete espingardas e nove metralhadoras. Quinze quilos de maconha, 500 quilos de cocaína e significativa quantidade de haxixe, crack e lança-perfume também foram encontrados na comunidade. Não há ainda previsão de quando a UPP será implantada na favela.

Extra Online

Nenhum comentário: