"Dentro do ônibus estava muito cheio de sangue", disse advogada.
Ônibus bateu em poste e 16 pessoas ficaram feridas.
Carolina LaurianoDo G1 Rio
Uma das 16 vítimas do acidente com um ônibus em Santa Teresa na manhã desta quarta-feira (28), a advogada Maiara Ferreira Pires, de 23 anos, relatou o drama que passou dentro do coletivo, ao sair do Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. Ela sofreu um corte na parte interna do lábio e precisou dar pontos.
Maiara estava indo para o trabalho, por volta das 9h, quando o ônibus bateu em um poste, em uma curva da Rua Joaquim Murtinho, na altura do número 530. “Eu bati com a cabeça no banco da frente e acabei cortando por dentro, porque eu uso aparelho e acabei dortanto os lábios por dentro. Tinha uma senhora em estado grave, ela bateu com o nariz, acho que ela quebrou, porque jorrava muito sangue. Dentro do ônibus estava muito cheio de sangue, fora do ônibus, estava cheio de sangue e tinha uma senhora na frente do ônibus que não conseguia nem se mexer, porque como ela estava lá na frente, então provavelmente ela foi lançada para perto do motorista”, contou.
O motorista tentou desviar de uma van quando perdeu o controle do veículo “Lá em Santa Teresa as ruas são estreitas e, devido à chuva, ele estava vindo cauteloso, até, mas na hora de uma descida para pegar a Gomes Freire, ele viu uma van no sentido oposto nosso, ele foi desviar da van, o ônibus derrapou nos trilhos do bondinho e foi em cheio no poste. Na hora da colisão todas as pessoas foram arremessadas para frente”, disse. De acordo com a advogada, o motorista não estava seguro quando fez a manobra. “Ele não estava certo do que ele estava fazendo. Fazer um desvio com ele fez ali, as ruas de Santa Teresa são extremamente curtinhas, ele não estava muito seguro. Na hora ele ficou muito nervoso, não estava nem conseguindo abrir a porta do ônibus”, explicou.
Acidente com ônibus em Santa Teresa deixou 16 feridos (Foto: Carolina Lauriano / G1)
Acidente anunciado
Ainda com o trauma do grave acidente ocorrido com o bonde de Santa Teresa em agosto do ano passado, quando seis pessoas morreram e mais de 50 ficaram feridas, moradores do bairro do Centro do Rio de Janeiro afirmaram que o acidente com um ônibus na manhã desta quarta-feira já era anunciado. “Eles andam muito rápido, em muita velocidade, não respeitam ninguém. A gente anda aqui com medo. Esse acidente estava anunciado”, disse a aposentada Marli Soares.
Com a pista molhada, os trilhos do bonde ficam ainda mais perigosos. Além disso, alguns pneus do ônibus estavam “carecas”. Ladeiras, ruas estreitas e trilho do bonde em desnível com o asfalto são ingredientes que pedem uma atenção redobrada dos motoristas na região.
Jaques disse que pista estava "um sabão" (Foto: Carolina Lauriano / G1)
Trinta minutos antes da colisão, o diretor de transporte da Associação de Moradores de Santa Teresa, Jaques Schwarzstein, pegava outro ônibus, quando percebeu que a pista estava deslizando muito.
Ele também disse que o acidente era previsível. “Dei o sinal, o ônibus reduziu e a roda patinou sobre o trilho uns dois metros. Ri ironicamente para uma outra pessoa que estava no ponto e subi. O motorista também riu e me disse ‘está patinando, né?’. Eu respondi ‘é, está um sabão’. Então ele disse ‘sou macaco velho, está querendo me ensinar a dirigir?”, contou Jaques.
Segundo ele, a associação se reuniu com a Secretaria municipal de Transportes duas vezes nos últimos três meses, solicitando revisão dos ônibus. Ele afirmou que o Ministério Público também está ciente dos problemas e já teria acionado as empresas responsáveis.
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