sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Promotor mostra pedaços de álbum de fotos de Eliza e Bruninho encontrado queimado

Por
ADRIANA CRUZ
ALINE FREIRE
VANIA CUNHA

Contagem (Minas Gerais) -  O promotor Henry Wagner Vasconcelos mostrou aos jurados, durante debate desta sexta-feira, quinto e último dia de julgamento, pedaços do álbum de fotografias de Eliza Samudio e o filho que foi queimado pelos acusados e encontrado por um jornalista mineiro nas intermediações do sítio do goleiro Bruno. "Esse álbum tem fotos de um bebê. De um bebezinho do sexo masculino", disse o promotor, acrescentando que as mesmas imagens foram encontradas dentro do computador da vítima. O álbum foi conferido de perto pelo júri.

Para o advogado de Macarrão, Leonardo Diniz, houve falhas por parte da polícia de Minas Gerais no trabalho de isolamento no sítio de Bruno após o crime. "Se não foi isolado, qualquer um pode ter plantados essas provas naquele local", afirmou Diniz, sobre o álbum de fotos de Eliza e Bruninho.

Henry Wagner se baseou, em sua réplica, no depoimento do primo de Bruno Jorge, menor na época do crime, e leu o texto no plenário: "Neném (outro apelido de Bola) apertou o pescoço dela até agonizar e morrer. Depois, pediu para sairmos", disse o promotor, que ainda reafirmou que Macarrão presenciou todos os momentos de agonia da vítima. Em seu depoimento, o amigo do ex-jogador do Flamengo afirmou que apenas levou a vítima a um carro, o qual a levaria para a morte.

Promotor Henry Vasconcelos no quinto e decisivo dia de julgamento de Macarrão | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

Promotor Henry Vasconcelos no quinto e decisivo dia de julgamento de Macarrão | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

Em seu discurso, o promotor Henry reafirmou que quem amarrou Eliza Samudio foi o Macarrão, ajudando Bola, que a enforcou. Henry relata que Macarrão e o ex-policial se falaram por telefone antes e depois do crime. "Em apenas um dia são 10 ligações de Luiz Henrique para o Bola. No dia seguinte, é ao contrário. É Marcos Aparecido dos Santos quem liga para Macarrão", disse.

Henry Wagner pediu, ao final da explanação, a condenação de ambos os réus, Macarrão e Fernanda Gomes de Castro, por todos os crimes a que foram denunciados. "Senhores, a absolvição de Fernanda é uma injustiça pedida pela defesa dela', retruca Henry. "Fernanda, uma mulher que se relacionava com Bruno há meses, sabia que ele tinha uma ex-mulher e uma noiva chamada Ingrid".  "Cuidado com o canto da sereia", desafiou o promotor, chamando Fernanda de "peguete" de Bruno.

Fernanda, aliás, não acompanhou as declarações do promotor. Apenas Macarrão ficou sentado no banco dos réus. A ex-namorada do goleiro Bruno foi poupada das palavras duras de Henry pelos seus advogados. Durante a explanação do promotor, um oficial de Justiça entregou um copo de água para a mãe de Eliza Samudio, Sônia de Fátima Moura, pois ela chorava muito.

Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

Ameaças a Sérgio na cadeia

Durante o debate desta sexta-feira, o promotor Henry Wagner Vasconcelos deixou claro para os jurados que o primo de Bruno Sérgio Rosa Sales estava sendo ameaçado dentro da prisão. "Ele recebeu a visita de advogados inescrupulosos no presídio, enviados pelos outros réus. Ao sair da cadeia, Sergio assinou sua sentença de morte e foi assassinado". Sérgio foi encontrado morto logo após deixar a prisão. A polícia concluiu o caso como crime passional.

A advogada de Fernanda Gomes de Castro, Carla Silene, expôs sua defesa por volta de 16h20 desta sexta-feira. Durante a explanação, Silene questionou as provas de cárcere privado e disse ser uma "injustiça" a condenação da ré. "Temos que impedir que outra mãe, dona Solange (mãe de Fernanda), sofra com uma condenação injusta e que talvez fosse a próxima vítima".

A advogada ainda citou a autora Glória Perez e o discurso de posse no STF do ministro Joaquim Barbosa. "Nem Gloria Perez para construir um roteiro para uma namorada de poucos meses se associa a uma ex-mulher para deixar o caminho livre para a noiva. Nem Gloria Perez. Esse enredo ninguém aceita", disse.

'Sequestro como esse eu também queria'

O advogado de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, Leonardo Diniz, usou sua tréplica nesta sexta-feria para reforçar o pedido de não condenar o cliente pelos crimes de homicídioqualificado, cárcere privado e sequestro. Após a confissão do amigo de Bruno na madrugada da última quinta-feira, a defesa mudou de estratégia e agora tenta a condenação apenas pelo crime de homicídio simples.

Diniz lembrou o depoimento de Macarrão, que falou que Eliza foi para Minas Gerais por vontade própria e, por isso, Macarrão não poderia ser condenado por sequestro. "Sequestro como esse eu também queria", disse. O advogado também nega que a vítima tenha ficado em cárcare privado já que os depoimentos do caseiro mostram que haviam outras pessoas no local.

Durante sua réplica, o promotor Henry Wagner Vasconcelos usou como base o depoimento de Jorge, primo de Bruno, que coloca Macarrão no local do crime. "Não precisa ir muito longe para ver quanta bobagem tem no depoimento de Jorge. Ele falou que viu Eliza com a cabeça toda quebrada. Uma pessoa com o crânio quebrado não teria condições de pegar estrada, teria que ir para o hospital", criticou o advogado do amigo de Bruno.

Leonardo Diniz rebateu as declarações de Rui Pimenta, ex-advogado de Bruno, sobre um possível caso homossexual entre o goleiro e Macarrão. "Essa informação é um absurdo. Luiz Henrique e Bruno teriam um caso e Macarrão teria matado Eliza por ciúmes", disse, acrescentando que estão movendo uma ação judicial contra o advogado no valor de R$ 1 milhão.

Sobre o álbum de fotos queimado de Eliza Samudio e Bruninho, Leonardo Diniz criticou o trabalho de isolamento no sítio, logo após o crime, por parte da polícia de Minas Gerais. "Se não foi isolado, qualquer um poderia ter plantados essas provas naquele local", afirmou.

odia.ig.com.br

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