segunda-feira, 16 de julho de 2012

Polícia cerca hospital para fazer remoção de pacientes

Por Vania Cunha

Rio - A remoção de 30 pacientes internados no hospital do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj) provocou a revolta de parentes e funcionários da unidade, no Centro, no final da noite de sábado. Muitos alegaram que não foram comunicados sobre as transferências e que os pacientes não tinham condições de saúde adequadas para sair do local. Homens do Batalhão de Choque foram acionados.

A medida foi tomada pela secretaria Estadual de Saúde, com base em liminar judicial que previa a remoção dos pacientes para outras unidades a partir de hoje (domingo). O prédio do Iaserj será demolido para dar lugar às obras de ampliação do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que fica ao lado.

Parentes e funcionários se revoltaram por causa da remoção de pacientes | Foto: João Laet / Agência O Dia

Parentes e funcionários se revoltaram por causa da remoção de pacientes | Foto: João Laet / Agência O Dia

Segundo a secretaria, desde 1999 os servidores deixaram de contribuir para a manutenção do Iaserj, que não pode receber recursos do SUS. A Secretaria também informou que foram abertos 24 leitos de UTI no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, para absorver a demanda de 12 leitos do Iaserj.

Até o início da madrugada, 18 ambulâncias do estado e do Corpo de Bombeiros retiravam os pacientes do hospital. Uma junta médica foi acionada para analisar cada caso e avaliar se as pessoas estavam ou não em condições de serem removidas. Os 18 doentes internados na enfermaria seriam levados para outras unidades da rede estadual, enquanto os de UTI seguiriam para o Getúlio Vargas.

Revoltados, parentes e funcionários chegaram a sentar na frente do portão de saída das ambulâncias, em sinal de protesto. Eles gritavam palavras de ordem, como "fora, Cabral" e "Vergonha" e colocaram faixa na entrada do hospital. "Fizeram isso sem avisar. É um absurdo porque muitos não têm condições de sair, podem morrer. Ainda colocaram carros da polícia e policiais armados, como se fossem lidar com bandidos. Estamos completamente ofendidos", disse a médica Cristina Maria Machado Maia, representante da associação de funcionários do hospital.

"Vocês estão lidando com pacientes, não com indigentes. Meu marido está há duas semanas dependendo de ambulância para fazer um exame e não tinha. Mas arrumaram várias para retirar as pessoas de madrugada, sem avisar aos familiares", reclamou Teresa Ferraz, que aguardava notícias sobre o marido de 61 anos, internado com isquemia.

Avenida Henrique Valadares foi fechada por policiais do Batalhão de Choque | Foto: João Laet / Agência O Dia

Avenida Henrique Valadares foi fechada por policiais do Batalhão de Choque | Foto: João Laet / Agência O Dia

Policiais do Batalhão de Choque ficaram de prontidão na porta do hospital para evitar tumulto. Eles também fecharam o trânsito de veículos em um trecho da Avenida Henrique Valadares, para facilitar a saída das ambulâncias.

Na porta da unidade, Ana Linhares, 26, chorou, aflita por não ter notícias da mãe, Teresa, 56. Ela foi internada na unidade após sofrer infarto e, ao ver a confusão, ligou para a filha e pediu que ela fosse para o hospital. "Estou muito nervosa porque ninguém dá nenhuma notícia sobre os pacientes. Fui informada da transferência pela secretaria, me ligaram e eu aceitei. Mas não imaginava que seria à noite. Tinham que fazer isso com calma", disse. Depois de uma hora de espera, ela conseguiu ver a mãe e soube que ela seria removida para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, perto de sua casa.

Ainda segundo a secretaria, parentes foram informados sobre a mudança e convidados a conhecer os novos leitos do Hospital Getúlio Vargas na manhã de ontem (sábado). A assesoria também informou que os funcionários poderão escolher entre as duas outras unidades do Iaserj - no Maracanã e em Campo Grande - para continuar trabalhando. Os dois locais farão atendimentos ambulatoriais.

O Dia Online

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