sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Juíza foi assassinada com 21 tiros, diz delegado

POR VANIA CUNHA

Rio - A juíza Patrícia Acioli, assassinada na noite da última quinta-feira, na Região Oceânica de Niterói, foi atingida por 21 tiros, a maioria na cabeça e no tórax, de acordo com declaração do delegado da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore.

"Ela foi executada em uma emboscada", disse Ettore.

O delegado afirmou que a hipótese de crime passional já está praticamente descartada. Ettore também informou que as investigações continuarão a ser conduzidas pela Delegacia de Homicídios, que destacou 60% de seu efetivo para esclarecer as causas da morte da juíza. No entanto, não está descartada a possibilidade da participação da Polícia Federal nas investigações já que este, segundo ele, é um "crime contra o Estado".

Companheiro de Patrícia, o policial militar Marcelo Poubel, prestou depoimento durante mais de seis horas na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. De acordo com os policiais, até o momento, mais de 10 pessoas foram ouvidas, entre familiares e vizinhos.

Juíza linha dura

Segundo o primo, o jornalista Humberto Nascimento, a juíza tinha o perfil "linha dura". "Ela era considerada 'martelo pesado' como se chama. Sempre com condenações em pena máxima. Condenou gente ligada a máfia do óleo, máfia das vans, milícia de São Gonçalo que estava crescendo absurdamente, policiais envolvidos com desvio, corrupção e tráfico de drogas. Há cerca de três, quatro anos, ela teve a segurança retirada por ordem do presidente do Tribunal de Justiça do Rio da época", afirmou Nascimento, se referindo ao atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), Luiz Zveiter.

Patrícia Acioli tinha 47 anos e era conhecida por seu rigor contra grupos de extermínios formados por PMs | Foto: Reprodução Internet

Ainda segundo ele, a prima sempre recebeu ameaças de todo tipo de criminosos, grupos de extermínio e traficantes que atuam em São Gonçalo, Região Metropolitana. As últimas, porém, eram relativas a milícias que atuam no município. De acordo com Humberto, a juíza participaria na próxima semana de um julgamento importante envolvendo milicianos.

Patrícia Acioli foi a responsável pela prisão de quatro cabos da Polícia Militar e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio no município de São Gonçalo. A quadrilha sequestrava e matava traficantes para depois pedir resgates de R$ 5 mil a R$ 30 mil a comparsas e parentes das vítimas.

A magistrada também decretou em janeiro deste ano a prisão preventiva de seis policiais acusados de forjar auto de resistência na cidade. No início da semana, Patrícia Acioli condenou a um ano e quatro meses de prisão, por homicídio culposo, o tenente da PM Carlos Henrique Figueiredo Pereira, 32, pela morte do estudante Oldemar Pablo Escola de Faria, na época com 17 anos. Ele foi baleado na cabeça na boate Aldeia Velha, no bairro Zé Garoto, em São Gonçalo, em setembro de 2008.

O crime

Segundo testemunhas, o ataque foi feito por homens encapuzados em duas motos e dois carros, por volta das 23h30 desta quinta-feira. Pelo menos 16 tiros de pistolas calibres 40 e 45 foram disparados contra o Fiat Idea Weekend cinza, quando a magistrada chegava em casa. Todos atingiram do lado da motorista, sendo oito diretamente o vidro.

As balas atingiram principalmente a cabeça e tórax da vítima. Imagens do sistema de segurança da região estão sendo analisadas pela Delegacia de Homicídios (DH) do Rio, que assumiu o caso. O enterro da juíza foi marcado para as 16h30 no Cemitério Maruí Grande, no Barreto, em Niterói.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Ao menos 16 tiros foram disparados na direção do carro da juíza | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

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