segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mais dois idosos morrem à espera de vaga em UTI no Rio

Em São João de Meriti, homem morreu após dois dias de espera em UPA.
Central de Regulação diz que para urgência não é preciso solicitar vagas.

Do RJTV

 

O Rio de Janeiro registrou, nesta segunda-feira (18), mais duas mortes de idosos que esperavam por vaga em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). No domingo (17), em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, a aposentada Magda Lúcia dos Santos, de 61 anos, morreu depois de cinco dias à espera de uma vaga em algum Centro de Tratamento Intensivo (CTI) no estado.

O corpo de Magda Lúcia foi enterrado na manhã desta segunda. Ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no dia 11 de outubro, quando foi levada ao Posto de Saúde da Vila São João, onde foi internada.

Desde o começo, os médicos avisaram que Magda teria que ser transferida para um CTI. A família conseguiu até uma ordem da Justiça determinando a transferência imediata. A decisão não foi cumprida. A família, então, registrou uma queixa por desobediência na polícia. Não adiantou. Magda faleceu no mesmo posto onde deu entrada.

A segunda morte foi de Edio Cavalheiro, de 79 anos, que estava internado desde sábado (16) em outra Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São João de Meriti. Ele morreu na madrugada desta segunda-feira (18), sem conseguir a transferência.

Também na Baixada Fluminense, uma aposentada de 86 anos chegou a ser transferida pela manhã para o Hospital de Saracuruna, referência na região, mas ela não resistiu, já que o quadro de acidente vascular cerebral (AVC) havia se complicado.

“A primeira coisa a se fazer é levar para uma unidade de referência"

Carlos Alberto Chaves

Segundo o superintendente da Central de Regulação de Leitos do estado, Carlos Alberto Chaves, há um protocolo a se seguir em casos de urgência:

“A primeira coisa a se fazer em pacientes de gravidade, crítico, é levar para uma unidade de referência. Não liga para a Central em hipótese nenhuma, porque só vai ligar para a Central quando for estadeado no protocolo, e avisar à Central, e o especialista avisar ‘precisamos de uma CTI’. Não é um problema de vaga. Vaga é uma coisa. Vaga é para internar. A vaga para atender, ninguém pode voltar um doente sem ser atendido. Mesma coisa chegar uma ambulância da SAMU, com paciente com politrauma é o mesmo procedimento, é igualzinho".

Chefe de emergência disse que paciente não poderia ficar
Depois da declaração da Central de Regulação, o secretário de Saúde de São João de Meriti, Iranildo Campos Júnior, decidiu levar três pacientes para o Hospital de Saracuruna. Sem saber que estava sendo gravado, o chefe da emergência disse que ia fazer o exame em um dos pacientes, mas que ele não poderia ficar ali. O paciente acabou sendo internado na unidade.

“A gente não traz paciente direto para o hospital porque não é aceito. Infelizmente, o coordenador da Central de Regulação disse que é aceito, e na prática não é aceito. Hoje, depois do problema que deu com a dona Magda, infelizmente teve que vir a óbito uma paciente, para eles mudarem esse procedimento. Tanto que a gente chegou aqui no Hospital de Saracuruna e a primeira reclamação do coordenador da emergência foi que a gente não ligou antes, para ver se tinha vaga”, disse o secretário.

Casos urgentes

Em nota à imprensa na tarde de domingo (17), a Secretaria estadual de Saúde do Rio afirmou que a vaga no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) para a paciente Magda só foi pedida pelo município de São João de Meriti, quando a paciente já estava com morte encefálica. A prefeitura da cidade, no entanto, nega.

A Central orientou a Secretaria de Saúde do município de São João do Meriti que tratava-se de caso de vaga zero, ou seja, risco imediato de vida, cabendo ao município levar a paciente urgentemente para uma unidade de emergência com neurocirurgia, dentro da referência da Região Metropolitana. Neste caso, seriam os hospitais da Posse, em Nova Iguaçu e Adão Pereira Nunes, em Saracuruna.

A subsecretária de Atenção à Saúde, Hellen Miyamoto, ressalta que esse procedimento faz parte dos protocolos de urgência e emergência do Ministério da Saúde e é de conhecimento de todo gestor de saúde pública. Para este caso não se aplicaria, portanto, a solicitação de vaga de CTI à Central devido ao risco de vida imediato.

G1 - notícias em Rio de Janeiro

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