sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Morre no Rio menina com suspeita de maus-tratos atendida por falso médico

Criança de 5 anos sofreu uma parada cardíaca na noite desta sexta-feira.
Menina estava internada em coma desde 19 de julho.

Tássia Thum e Mylène Neno Do G1 RJ

A menina de 5 anos, suspeita de ter sofrido maus-tratos e atendida por um falso médico, morreu no início da noite desta sexta-feira (13). De acordo com o médico Hilton Magno Corrêa, a criança sofreu uma parada cardíaca. Ela estava internada em coma desde o dia 19 de julho, no Hospital Amiu, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

Antes de dar entrada na unidade, ela passou por outros dois hospitais. No Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, ela foi atendida por um falso médico.

De acordo com o delegado Luiz Henrique Marques, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) e responsável pelas investigações, o falso médico é um estudante de medicina. A polícia informou ainda que o aluno teria aplicado um anticonvulsivo, e liberado a paciente desacordada.

Peritos querem esclarecer coma

Com a morte da menina, os peritos esperam esclarecer o que causou o coma na criança. Ela também apresentava uma mancha nas nádegas, que segundo  laudo do IML, pode ser uma queimadura. A polícia investiga a causa da mancha e se a mesma tem algum tipo de relação com o coma e com as convulsões que a menina teve.

"As investigações continuam. A primeira em relação a menina, e a segunda em relação ao falso médico", afirmou o delegado que lamentou o falecimento da criança.

Estudante de medicina deixou delegacia com o rosto coberto Estudante de medicina deixou delegacia com o rosto
coberto (Foto: Tássia Thum/G1)

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância na quinta-feira (12) para apurar o atendimento prestado à menina.

Estudante diz que foi contratado por médica

O estudante de medicina que teria atendido a menina prestou depoimento a polícia na quarta-feira (11).  De acordo com o delegado, o aluno admitiu que foi contratado por uma empresa terceirizada de propriedade de uma pediatra do Hospital Rio Mar para trabalhar no local.

Procurado pelo G1, o Hospital Rio Mar informou, por meio de sua assessoria, que a pediatra que seria responsável pela contratação do falso médico foi afastada da unidade. A direção do hospital estuda ainda a possibilidade de processar a médica. Ela trabalhava há 5 anos como coordenadora do hospital.

Aluno responderá por 4 crimes

Segundo o delegado, o falso médico confessou ter roubado o registro de um outro profissional, além de aplicar na criança uma dose da substância fenobarbital, indicada para crises convulsivas. De acordo com o policial, o estudante vai responder por tráfico de drogas por ter aplicado uma substância que pode causar dependência química, além dos crimes de exercício ilegal da medicina, falsidade ideológica e falsidade de documentos públicos.

Luiz Henrique Marques disse ainda que a pediatra responsável pela contratação também vai responder pelos mesmo crimes, já que foi comprovado que ela sabia da existência do falso médico.

Pais brigaram na Justiça pela guarda da filha

Desde o nascimento da menina, os pais brigaram na Justiça para ficar com a filha. Em maio, o pai conseguiu a guarda da criança alegando alienação parental, porque a mãe estaria colocando a menina contra ele. A mãe ficou 90 dias proibida de vê-la. Os pais trocam acusações do que teria provocado as manchas nas nádegas da criança.

G1 - notícias do Rio de Janeiro

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