sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Família sabia de outros casos de abuso de tio, mas não procurou polícia

POR DIOGO DIAS

Rio - Um crime bárbaro trouxe à tona a possível presença de inimigos no convívio de uma família. O pai da menina Maria de Fátima dos Santos, de 5 anos, estuprada e morta pelo tio Eudes José dos Santos, de 20 anos, contou que os parentes tinham ciência sobre outros casos de abuso do acusado, mas preferiu não procurar a polícia. Arrasado, o pedreiro José Sandro dos Santos, de 40 anos, confirmou que o assassino confesso de sua filha já tinha abusado de outra filha sua, além de uma sobrinha. O sepultamento do corpo da vítima acontece neste momento no Cemitério de Santa Cruz.

"A gente tinha conhecimento de que ele abusou uma vez de outra filha minha e da filha de uma irmã. Todo mundo se reuniu para se decidir sobre o que fazer com ele. Como - nos casos anteriores - não chegou 'aos finalmentes', a gente achou melhor passar a mão na cabeça dele, ficamos com medo de chamar a polícia. Não achava que isso ia acontecer", lamentou José.

Foto: Jadson Marques / Futura Press

Eudes José é levado para a DH, onde confessou o crime bárbaro | Foto: Jadson Marques / Futura Press

O pedreiro afirmou que resolveu vender sua casa e seu barco e deve voltar para sua terra natal, Pernambuco. Ele disse que é difícil conviver com as antigas propriedades depois do que aconteceu. Durante sua fala, ele deu um recado a todos os pais. "Quero que os pais verifiquem o que tem em sua casa. Pode ser uma bomba aquilo que temos dentro de casa. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer", disse.

A mãe da vítima chorou copiosamente durante toda a cerimônia e gritou palavras de muita dor em direção ao corpo da filha: "Volte para mim, minha criança. Vim para o Rio de Janeiro para ficar assim. Não era para a gente vir. Minha criança vai ficar, não vai voltar para casa. Por que não me mataram?".

Irmã revelou abuso na DH

Em depoimento, uma das irmãs de Maria de Fátima confirmou na Divisão de Homicídios (DH) que sofreu abusos sexuais do tio por diversas vezes. A menina vai ser submetida a exames periciais. Eudes confessou nesta quinta-feira, que raptou, violentou e matou a Maria de Fátima na localidade conhecida como Areia Branca, em Santa Cruz, na Zona Oeste.

A perícia realizada no corpo de Maria de Fátima, comprovou que ela sofreu abuso sexual antes de ser morta. Em depoimento, o tio confirmou que abusou da criança, mas não consumou o estupro porque não conseguiu manter a ereção. A menina começou a gritar e ele apertou o pescoço até ela ficar paralisada e depois deu dois socos.

O delegado assistente da DH Celso Ribeiro, reafirmou a total segurança na culpa do tio. "Não há dúvidas de que o Eudes cometeu esse bárbaro crime de estupro a vulnerável", disse em entrevista ao RJTV, na tarde desta sexta-feira.

O corpo da menina Maria de Fátima será sepultado nesta sexta-feira, às 16h, no Cemitério de Santa Cruz, na Zona Oeste.

'Abriram meu coração e jogaram fora', diz pai

"Já chorei tanto que minhas lágrimas secaram. Não consigo comer nada, porque não desce. Minha Maria de Fátima está morta. Abriram meu coração e jogaram fora", esse é o depoimento de José Sandro dos Santos, um pedreiro de 40 anos, que recebeu nesta quinta-feira, a notícia que o corpo da filha de 5 anos foi encontrado em um rio.

Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia

Maria Lúcia disse que a filha era calada | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia

Segundo o pai de Maria de Fátima, o tio da menina ajudou a família, os homens da Divisão de Homicídios e os Bombeiros nas buscas pela criança. "Ele chorou muito, me confortou muito também. Mas, podem ter sido lágrimas de crocodilo", contou. O pai ainda negou qualquer informação de briga com o irmão, antes do crime.

A família morava no Rio há quatro anos, vindos de Pernambuco. José Sandro e Maria Lúcia tinha seis filhos e no próximo ano Maria de Fátima entraria na escola. Ainda não há previsão do sepultamento da criança. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal, onde vai passar por exames para constatar a causa da morte e se ela foi vítima de violência sexual.

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