Bruno Rohde
A camisa do Fluminense, comprada na última semana, ficará guardada como lembrança para a família. O pequeno tricolor Sérgio Venâncio, de 10 anos, morreu ao receber uma descarga elétrica, na noite de domingo, no conjunto habitacional construído pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Manguinhos. Pouco depois de comemorar o título de seu time de coração, o menino corria em poças d’água formadas pela chuva.
Ao passar ao lado de um poste de ferro, onde há uma caixa subterrânea da rede elétrica, o garoto foi atingido por uma descarga. Sérgio foi levado para o Hospital municipal Souza Aguiar, mas não resistiu. O garoto não mora no condomínio. Ele estava numa festa de aniversário acompanhado de irmãos e primos. No momento que a tragédia aconteceu, o menino brincava com um irmão.
Parentes e amigos de Sérgio reclamam da qualidade das obras do conjunto habitacional. Segundo eles, é comum ocorrer alagamentos, infiltrações e descargas elétricas dos postes. Apesar das críticas às obras, também há relatos de que existem ligações clandestinas na rede elétrica do condomínio.
— De que adianta tirar a gente dos barracos, se a gente vem para cá e perde uma vida? — questionou Verônica Jobim, de 36 anos, tia de Sérgio.
Responsável pela construção do conjunto, a Emop informou que “entregou a obra em perfeitas condições de funcionamento”. A Rioluz informou que desenvolveu o projeto de iluminação pública do conjunto de Manguinhos, mas que a implantação do sistema foi realizada por uma empreiteira subcontratada da Emop.
A nota informou ainda que “na semana passada, uma equipe da Rioluz realizou vistoria técnica e não aprovou o resultado, pois constatou irregularidades. A empreiteira executora do projeto, que ainda não recebeu autorização para o funcionamento do sistema, terá que cumprir com todas as normas exigidas pela Rioluz para obter a aprovação final”.
Apesar de a vistoria ter ocorrido só agora, o condomínio é habitado desde 2009.
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