quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Atropelador de Rafael Mascarenhas é indiciado por homicídio doloso

CELSO OLIVEIRA

Rio - O universitário Rafael Bussamra, de 25 anos, que atropelou e matou o músico Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, foi indiciado, nesta quinta-feira por quatro crimes: homicídio doloso quando há intenção de matar, corrupção ativa, fraude processual - por ter levado o veículo para a oficina - e fuga do local do acidente. Estes dois últimos são considerados crimes de trânsito. No total, juntando os quatro crimes, a pena fica em 34 anos de reclusão. As informações são da delegada titular da 15ª DP (Gávea), Bárbara Lomba.

Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

O universitário Rafael Bussamra vai responder por homicídio doloso - quando há intenção de matar | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

Outros três envolvidos no caso também foram indiciados. O pai do motorista Rafael, Roberto Bussamra, foi indiciado por corrupção ativa e fraude processual, pois ele chegou a sacar R$ 1 mil e foi ao Centro entregá-lo a um dos PMs.

"Eles alegaram que estavam com medo e por isso concordaram em pagar, mas eles tiveram tempo suficiente para ir a uma delegacia e denunciar os PMs porque estes não ficaram na presença deles o tempo todo", afirmou Bárbara Lomba.

O motorista que estava no outro carro, um Honda Civic, Gabriel Henrique de Sousa Ribeiro, foi indiciado por homicídio doloso e fuga. O último foi o irmão de Rafael, Guielherme Bussamra. Ele foi indiciado por fraude processual. Guilherme foi à oficina com o pai e ajudou a comprar as peças para o carro do irmão. De acordo com a delegada, ele poderia ter impedido o fato e não o fez.

Novas imagens

A delegada Bárbara Lomba explicou passo a passo o inquérito de 250 páginas durante a coletiva. Ela mostrou imagens que a polícia teve acesso durante a investigação e algumas que ainda não haviam sido expostas.  As imagens do elevador do prédio de Rafael Bussamra mostram ele e Gabriel saindo do prédio em um horário que contradiz o depoimento dos envolvidos.

Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Delegada Bárbara Lomba mostra imagens registradas no inquérito da morte de Rafael Mascarenhas | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia


No depoimento, eles disseram que passaram no Túnel Acústico, na Gável, que estava fechado, em um determinado horário. As imagens do elevador, no entanto, mostram outro horário. Segundo Lomba, isto é um indício que eles sabiam que o túnel estava fechado naquele momento. No horário que eles passaram já havia uma orientação que o local estava interditado.

"Os indicíos da existência de um pega e a alta velocidade comprovada por perícia e testemunhas (cerca de 100 km/h) nos autorizaram a indiciar Rafael e Gabriel por homicídio intencional, pois eles previram e aceitaram o resultado (atropelar e matar Rafael Mascarenhas), de acordo com as condutas que adotaram dentro do túnel", disse a delegada Bárbara Lomba, acrescentando que "o Rafael mesmo declarou ter visto os skatistas dentro do túnel e mesmo assim não reduziu a velocidade. Logo depois ele viu o Rafael, que estava de costas para os carros, e também não reduziu".

PMs têm prisão preventiva decretada

No último mês, a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar do Rio, decretou a prisão preventiva do sargento Marcello José Leal Martins e do cabo Marcelo de Souza Bigon acusados por Roberto Bussamra de terem cobrado propina para liberar o filho dele, Rafael Bussamra. Rafael Mascarenhas morreu dia 20 de julho, no Túnel Acústico, na Zona Sul do Rio.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ),  os policiais são indiciados pela prática de crimes contra a administração militar no inquérito que envolve a morte do músico.

Cissa Guimarães faz terapia do luto

Na última semana, em entrevista à apresentadora Ana Maria Braga no programa ‘Mais Você’, a atriz Cissa Guimarães agradeceu as manifestações de apoio que tem recebido e disse que está “no CTI, mas que vai sair melhor disso”. Para ajudar esse processo, segundo ela, está fazendo “terapia do luto”.

Atriz Cissa Guimarães chegando a missa de 7º dia do filho Rafael Mascarenhas, na noite desta terça-feira | Foto: Ag. News


De acordo com Cissa, ela está vivendo um minuto de cada vez. “Eu escuto muito as pessoas falarem ‘um dia após o outro’. Não, é um minuto após o outro”, afirmou.

A atriz contou que tem pena de Rafael Bussamra, rapaz que confessou ter atropelado seu filho. “Eu tenho pena dele e da família. Mas que isso sirva para que a gente tenha consciência e aprenda a educar os nossos filhos”, disse.

No fim da entrevista, Cissa Guimarães se emocionou e agradeceu o tempo de convívio com o filho: “Queria muito agradecer os 18 anos que passei com o Rafa. Muito obrigada, filho”.

Esta semana foi descoberto que um dos oficiais da PM, o capitão Lauro Mauro Catarino, suspeito de participação em uma quadrilha que furtava cabos de fibra ótica na Zona Sul, julgava os policiais acusados de receber propina do caso Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, morto em uma atropelamento em 20 de julho. A informação veio da assessoria da Polícia Militar. O oficial da PM foi preso na última semana.

Antes de ser preso por policiais civis na madrugada de sexta-feira, o capitão participou da audiência na Auditoria Militar no qual foram ouvidos Marcelo José Leal Martins e Marcelo Bigon na quinta-feira. O procedimento faz parte do processo nos quais os dois policiais são acusados de terem recebido propina de Rafael Bussamra, o pai do atropelador de Rafael Mascarenhas.

Veja o trajeto do carro

Foto: Arte O Dia


Mesmo antes da conclusão do inquérito da Polícia Civil, o comandante geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte, determinou na sexta-feira que se inicie um processo disciplinar para que os oficiais envolvidos no roubos de cabos de fibras óticas sejam demitidos.

Os capitães Lauro Moura Catarino, do 2º BPM (Botafogo), e Marcelo Queiróz dos Anjos, do Batalhão de Choque (BPChoque), ambos de 33 anos, foram presos em flagrante em Botafogo, na Zona Sul, junto com outras oito pessoas. Entre os presos também estava um ex-soldado da PM expulso da corporação há 13 anos.

De acordo com o delegado-titular da 9ª DP, Alan Luxardo, a quadrilha agia na Zona Sul a pelo menos nove meses, entre os bairros do Flamengo e de Botafogo. Ações criminosas também foram praticadas no Centro.

Os oficiais da PM, segundo o delegado, coordenavam as ações e davam cobertura ao bando. No momento da prisão, na Praia de Botafogo, na altura do nº 300, ambos estavam à paisana e acompanhavam o trabalho dos oito empregados de uma empresa terceirizada que presta serviços para a Oi.

O delegado, no entanto, afirmou que os oficiais chegaram a estar fardados em outras ocasiões. 

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