quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pai de jovem que morreu tentando deter ladrão oferece recompensa por assassino do filho

Wilson Mendes

“Eu quero ver esse bandido atrás das grades. Vou fazer o que puder para ver isso”, garantiu Angelito Mello, pai do projetista assassinado, na terça-feira, enquanto tentava deter um ladrão em fuga na Avenida Dom Hélder Câmara, na Abolição. A afirmação demonstra que as semelhanças entre pai e filho vão além do nome em comum: Angelito Mello, o filho, era conhecido nos círculos familiares e de amizade por lutar pelo que achava certo.

Família de Angelito Mello, assassinado quando tentava deter um assaltante na AboliçãoFamília de Angelito Mello, assassinado quando tentava deter um assaltante na Abolição Foto: Marcelo Theobald / Extra

A Delegacia de Homicídios (DH) fez buscas na região, durante a tarde e a noite de terça-feira, para tentar localizar o autor do disparo, mas ninguém foi preso. Para mudar este fato, Angelito, o pai, prometeu movimentar o caso oferecendo recompensa em dinheiro para quem entregar o bandido.

— Se esta é a forma que tenho para ajudar a polícia a prender esse marginal, farei isso — garantiu.

Kim, como era conhecido o Angelito filho, não temia ladrões. A própria família sabia das situações em que ele se envolvia e conversava sempre com ele para que não reagisse à ação de bandidos. Mesmo com as conversas, Kim não escondia dos amigos que reagiu a diversos assaltos.

No Cefet, onde estudou, ficou famoso depois que deu uma surra em um ladrão que tentou roubar a sua mochila. O assaltante era conhecido dos alunos e muitos já tinham perdido materiais escolares e até tênis para o marginal. Em outra ocasião, como contou uma amiga da escola, ele rolou pela calçada da Avenida Presidente Vargas lutando com um trombadinha que agia na área.

— Ele não ficava quieto. Se encontrasse alguém em dificuldade, ele ajudava. Mas longe de ser agressivo, ele só reagia. Era grande e achava que podia ajudar — explicou Wania Mello, mãe de Kim.

Na terça-feira, Angelito estava almoçando em um restaurante da Avenida Dom Hélder Câmara quando ouviu gritos de “pega ladrão”. Assim que viu o homem passando correndo pela calçada, decidiu que era hora de agir: agarrou o bandido, que estava armado e fez um disparo à queima-roupa em seu peito. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.

— Quem perdeu foi toda a sociedade. Perdeu um jovem que só queria fazer o bem, que só queria ajudar. E a culpa? A culpa é dos governantes que deixaram o Rio de Janeiro chegar a esse estado, onde muitas as pessoas não têm educação, nem emprego, nem oportunidade e viram ladrões e assassinos — finalizou Wania.

Extra Online

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