sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Governo do DF usa Secopa para fazer 700 mil uniformes escolares sem pagar salário a trabalhadoresCopa do Mundo

A Secopa-DF, secretaria do governo do Distrito Federal responsável pela organização de Brasília para a Copa do Mundo de 2014 e para Copa das Confederações deste ano, formulou um programa social de qualificação profissional sem nenhuma relação com os mundiais da Fifa: a Fábrica Social.

O projeto, que está para ser lançado a um custo de R$ 35 milhões, vai convocar 2.000 pessoas do cadastro do programa social do governo federal "Bolsa Família" para trabalhar por dois anos sem salário, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 19h, na confecção de uniformes escolares e artigos esportivos. De acordo com a Secopa-DF, trata-se de um projeto social que irá qualificar essas pessoas para o mercado profissional têxtil.

O objetivo da Fábrica Social é qualificar o trabalhador para tirá-lo da miséria: sem salário por dois anos

O objetivo da Fábrica Social é qualificar o trabalhador para tirá-lo da miséria: sem salário por dois anos

A estimativa é produzir, só neste ano, 700 mil uniformes escolares, além de artigos esportivos como bolas e redes, para as 612 escolas da rede pública de ensino do DF. Também receberão os produtos, a título de doação, 28 centros esportivos do DF.

Perguntada sobre o salário ou bolsa-auxílio para os participantes durante a participação no Fábrica Social, a Secopa foi categórica: "Não há pagamento de salário. Os participantes do programa receberão auxílio pecuniário somado ao benefício do programa Bolsa Família", diz a nota enviada ao UOL Esporte pela assessoria de imprensa do órgão. Ou seja, os participantes receberão apenas ajuda de custo para transporte e alimentação durante o expediente.

Sem diploma

O projeto não conta com parceria de nenhuma instituição de ensino reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação), como universidades ou centros profissionalizantes como o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Assim, ao final do processo de "qualificação", não haverá diploma ou certificado de conclusão válido e reconhecido. Embora prometa qualificar esta mão de obra, a Secopa afirma que não contratará professores, pois possui um "equipe técnica" de servidores públicos dentro da secretaria capaz de tocar o projeto, inclusive em seus aspectos pedagógicos.

De acordo com a Cias (Coordenadoria de Integração das Ações Sociais), setor da Secopa responsável pelo projeto, os participantes serão escolhidos por meio do cadastro de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza do governo federal. O objetivo declarado é qualificar as pessoas para ajudá-las a sair da situação de pobreza.

"Concluída a formação e a capacitação, o participante será encaminhado para os programas governamentais destinados ao microempreendedorismo, associativismo, cooperativismo, entre outros", informa nota enviada pela assessoria de imprensa da Secopa ao UOL Esporte.

UOL Copa do Mundo 2014

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