sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Avó de Sean Goldman lamenta ainda não ter conseguido falar com o neto

Silvana Bianchi diz que Sean comentou que já tinha perdido a mãe e agora estava perdendo a família inteira

POR BRUNA TALARICO

Rio - A família brasileira de Sean Goldman, de 9 anos, se pronunciou pela primeira vez desde a partida do menino, na manhã de quinta-feira. Durante uma coletiva no escritório do advogado Sérgio Tostes, na tarde desta sexta-feira, a avó Silvana Bianchi disse que ainda não conseguiu falar com o neto, mesmo ele tendo levado dois aparelhos celulares para os Estados Unidos.
 
Segundo Bianchi, a maior preocupação da família é com o amparo com que a criança vai ter em relação à alimentação, já que tem alergia a alguns alimentos, e principalmente na questão psicológica. "Quando ele (Sean) recebeu a notícia de que teria que morar com o pai, disse que já tinha perdido a mãe e agora ia perder a família inteira", contou a avó.

Família de Sean Goldman deu uma coletiva para falar sobre a partida do menino | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia

Silvana Bianchi disse ainda que durante a entrega do menino ao pai, David Goldman, ele chorava muito, e só por isso foi permitido à ela acompanhá-lo. De acordo com a matriarca, a família Bianchi não teve Natal. Segundo ela, todos ficaram em casa sem comemorar a data. A irmã de Sean, Chiara, de 1 ano e 3 meses, chama o menino o tempo todo.
Também na coletiva, o advogado Sérgio Tostes disse que o processo apresentou muitas irregularidades. Segundo Tostes, o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Paulo Vannuchi, teria intimidado o juiz para que não houvesse avaliação psicológica de Sean. "O ministro foi a pessoa mais desumana possível".

Emocionada, avó de Sean mostrou um bilhete deixado pela menino | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia

David Goldman: 'Não vou negar que os avós façam visitas'

Em entrevista à rede americana de TV, NBC, David Goldman, pai de Sean Goldman, afirmou que permitirá que a família brasileira de Sean visite o menino. David falou durante o voo fretado pela NBC em vídeo que mostra Sean dormindo dentro do jato particular. "Não vou negar que os avós façam visitas, mesmo que leve algum tempo", disse David durante o voo que levou pai e filho para a cidade americana de Orlando, onde passaram o natal.
Durante a entrevista, David se emocionou ao falar que o filho estava próximo a ele após tanto tempo de batalha judicial. no início da viagem, que durou aproximadamente 9 horas, Sean ficou quieta e pouco falou, mas depois brincou com o pai, sorriu, colocou óculos escuros e fez guerra de comida.
"Meu garotinho está aqui perto de mim e dormindo. Estamos no caminho de volta para nossa casa. Meu coração está derretendo. Eu amo o Sean. Estamos no céu e é um milagre de natal", disse Goldman ao repórter da NBC.

Rede americana NBC exibiu foto da viagem de pai e filho | Foto: Reprodução Internet

Garoto entregue ao pai na manhã de quinta-feira

Sean chegou por volta de 8h30, desta quinta-feira, ao consulado dos Estados Unidos, no Centro do Rio. Por determinação da Justiça, Sean deveria ser entregue ao pai, David Goldman, até às 9h (horário de Brasília).
A chegada do menino foi marcada por confusão e tumulto em decorrência do grande número de curiosos e da imprensa nacional e internacional. Sean desceu do carro, uma Mitsubishi Pajero de cor preta, a quase 100 metros do consulado e foi caminhando ao lado do tio e do advogado da família, Sérgio Tostes.
Para entrar no prédio, o garoto ficou abraçado ao padastro, João Paulo Lins e Silva, e, muito assustado, precisou da ajuda de policiais militares e seguranças particulares que fizeram um cordão de isolamento. Ele vestia uma camisa amarela da seleção brasileira de vôlei.
A avó de Sean, Silvana Bianchi, ficou muito emocionada. Ela gostaria de ter ido aos Estados Unidos acompanhar a transição do menino para o país, mas foi impedida pelo governo americano de viajar. O advogado Sérgio Tostes afirmou, mais tarde, que o governo barsileiro aceitou a negativa sem problemas. "É um momento de extrema dificuldade para nós", disse, muito emocionada, a avó de Sean ao jornal The New York Times.

Despedida

Na quarta-feira, a família brasileira de Sean realizou uma despedida para o menino. Parentes brasileiros dele afirmaram que David Goldman queria buscar o filho na casa do padrasto com escolta policial. A avó materna de Sean, Silvana Bianchi, se negou a entregá-lo dessa forma, afirmando que iria levar o garoto dentro do prazo, no consulado americano.

Entenda o caso

A história da luta do americano David Goldman para reaver a guarda do filho mobilizou a opinião pública e o governo americano. O pai de Sean, David Goldman, luta para ter a guarda do filho desde a morte de sua ex- companheira, a brasileira Bruna Bianchi Carneiro.
A briga pela guarda começou em 2004, quando Bruna deixou Goldman para uma suposta viagem de férias de duas semanas com o filho ao Brasil. Ao desembarcar no país, contudo, Bruna telefonou ao marido avisando que o casamento estava acabado e que não voltaria aos Estados Unidos. A partir disso, foi travada uma batalha judicial pela guarda do garoto, na época com 4 anos.

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