domingo, 27 de setembro de 2009

Atiradores de elite enfrentam treinamento intensivo de no mínimo 5 anos

Na última sexta, policial salvou refém com tiro certeiro em assaltante no Rio.
Saiba como são preparados esses profissionais especializados do Bope.

Do G1, com informações do Fantástico

 

A visão se comprime na mira. A audição se limita ao que chega pelo fone. O tato desliza para o dedo no gatilho. A respiração é lenta. A concentração deve ser absoluta no dia-a-dia dos atiradores de elite do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio (Bope).

Na última sexta-feira (25), um assalto com refém na Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mostrou a importância do treinamento intensivo de cinco anos que esses profissionais enfrentam para chegar à especialização.

Na ocasião, o assaltante manteve refém por 40 minutos a comerciante Ana Cristina Garrido, que foi ameaçada com um granada do lado de fora de uma farmácia. A vítima foi salva quando o homem foi atingido por um tiro certeiro de fuzil disparado por um policial do último andar de um prédio.

Treinamento

O autor do disparo, o major Busnello, comandou durante cinco anos o grupo de atiradores de precisão do Bope. O treinamento exige perícia, disciplina e preparo físico. Os policiais chegam a ficar horas na mesma posição, mirando o alvo com uma luneta telescópica.

O treinamento dos policiais de elite é permanente - pelo menos quatro horas por dia em que os tiros são repetidos à exaustão. Mas um atirador do Bope só é considerado especializado ao longo de cinco anos de atuação. Um trabalho de precisão e principalmente paciência para efetuar um único disparo.

A confiança na eficiência da tropa é tanta, que um sargento fica ao lado do alvo, como se fosse o negociador numa situação com refém. Os atiradores estão posicionados a pelo menos cem metros dali.

Policial lembra disparo

Busnello conta que no dia do assalto da Tijuca, posicionou-se atrás de uma cortina, em um prédio na rua do crime. Pela luneta, viu, à sua frente, o criminoso, a vítima e o negociador. Durante uma hora e quarenta minutos, informou aos policiais detalhes decisivos para o desfecho da operação.

“Quando ele apresentou um momento em que permitiu que tivesse um alvo seguro e que você não gerasse risco para o refém ou mais problema na detonação da granada, aí fechou o ciclo de possibilidades e a decisão foi tomada”, diz Busnello.

O policial atribui sua busca pela perfeição no trabalho a o que define como um trauma, o caso do sequestro do ônibus 174, ocorrido em 12 de junho de 2000, na Zona Sul do Rio. Como no caso da Tijuca, uma refém foi usada como escudo. Mas a ação não teve sucesso, já que a refém, a professora Geisa Gonçalves, que estava grávida, foi morta por um soldado do Bope. Já o sequestrador morreu asfixiado a caminho da delegacia.

Seis meses após o episódio do ônibus 174, o Bope criou a Unidade de Intervenção Tática, especializada no resgate de reféns. Hoje o núcleo conta com 65 agentes treinados para solucionar esse tipo de crime e 15 atiradores de prontidão. De acordo com informações do batalhão, desde a criação da unidade, 224 reféns foram resgatados com vida.

"O primeiro momento é de negociação. Não havendo possibilidade de se obter uma solução pacífica, nós iremos investir no resgate e retomada. Não havendo também possibilidade, nós iremos optar pela solução mais letal. No caso, o tiro de comprometimento", explicou o capitão. "A letalidade é a última solução", completou.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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