domingo, 10 de abril de 2011

‘Preciso pagar por este ato’

Homem confessa que facilitou compra de arma para assassino. Polícia procura quem vendeu

Rio - ‘Se soubesse que era para isso, não tinha o ajudado a conseguir a arma’. Essas foram as palavras do segurança Izaías de Souza, 48 anos, um dos homens que colocaram o revólver calibre 32 nas mãos de Wellington Menezes de Oliveira, o monstro de Realengo. Familiares do atirador estão sofrendo retaliações. A casa deles foi pichada e depredada durante a madrugada. As janelas foram quebradas, e a casa, revirada.

Ontem, Izaías e o chaveiro Charleston Souza de Lucena foram levados para o Presídio Ary Franco, em Água Santa. Eles admitiram que receberam R$ 30, cada um, pela intermediação da venda com o dono da arma, identificado apenas como Robson. O revólver foi negociado ao preço de R$ 260. O homem, segundo os acusados, foi sequestrado no Domingo de Carnaval.

Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Izaias e Charleston são apresentados pela DH | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Segundo eles, Wellington comprou a arma em janeiro alegando ser para sua segurança. “Disse que morava no local há pouco tempo e não conhecia ninguém. Eu preciso pagar por este ato”, admitiu o chaveiro Charleston.

Premeditado

Para o delegado Felipe Ettore, titular da Divisão de Homicídios, não resta dúvida de que o crime foi premeditado, visto que o revólver foi comprado com grande antecedência. “Tentamos agora encontrar o dono do revólver que vendeu a Wellington”, informou Ettore.

Wellington chegou até Charleston porque precisava trocar fechaduras. Na época, o atirador perguntou onde poderia conseguir armamento. Charleston indicou Izaías.

“Tenho filhos, que estudam inclusive numa escola em frente a onde Wellington morava. E se fosse um deles? Posso ter parte de culpa, mas não diretamente”.

Alcorão era leitura diária, diz assassino em carta

A polícia encontrou uma carta na bolsa em que Wellington deixou na escola, na qual dizia que lia o Alcorão durante quatro horas por dia e que, diariamente, ao meio-dia fazia orações de reconhecimento a Deus.

No texto, o jovem contava ainda que “algumas vezes medita no dia 11/09”, numa referência ao atentado às torres gêmeas do Word Trade Center. Ele escreveu que o que refletia sobre o Alcorão era cópia do que ele fez do livro.

Na ficha do colégio Estadual Madre Teresa de Calcutá, onde cursou o Ensino Médio, ele, em 2004, dizia ser Testemunha de Jeová. Em 2006, mulçumano.

No boletim de Wellington da E. M. Luís da Câmara Cascudo, onde foi matriculado em 1996, um professor observa que “na maioria das vezes, ele parece bem distante da sala de aula. É um aluno que precisa de mais tempo para assimilar conteúdos”. A carta e o boletim foram reproduzidos na edição de hoje da Revista ‘Veja’.

Reportagem de Priscilla Costa e Christina Nascimento

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