sábado, 13 de dezembro de 2008

Polícia pretende quebrar sigilo telefônico de Marcelo Silva

 

Objetivo é saber quem forneceu drogas para o ex-PM.
Pais dele e funcionários do motel vão depor na segunda-feira (15).

Alba Valéria Mendonça Do G1, no Rio

Ampliar Foto Foto: Cláudia Loureiro/G1 Foto: Cláudia Loureiro/G1

O ex-PM Marcelo Silva foi enterrado na tarde desta sexta-feira (Foto: Cláudia Loureiro/G1)

A polícia estuda a possibilidade de quebrar o sigilo telefônico do ex-PM Marcelo Silva – encontrado morto provavelmente por overdose de cocaína – para descobrir quem são os supostos policiais militares com quem ele teria comprado a droga.

Segundo depoimento prestado por Fernanda Cunha, namorada de Marcelo, na quarta-feira (10), eles teriam ido ao prédio da Receita Federal, no Centro. Ao voltar para o carro, Marcelo teria dito que tinha pegado cocaína com os PMs.

O delegado substituto Rafael Willis, da 16ª DP (Barra da Tijuca), que investiga a morte do ex-PM enviou nesta sexta-feira (12) cópias do depoimento de Fernanda Cunha à 5ª DP (Gomes Freire), à Corregedoria da PM e à Corregedoria Geral Unificada. Como a suposta compra da droga ocorreu no Centro, o caso será investigado pela 5ª DP.

Willis pegou o depoimento de quatro funcionários do Hotel Transamérica, onde mora a namorada do ex-PM. Eles confirmaram as declarações de Fernanda de que Marcelo estava muito agitado e tendo alucinações ao chegar ao prédio.
“As câmeras do prédio mostram apenas a entrada do carro na garagem, mas não a movimentação lá dentro. Os funcionários confirmaram que Marcelo passou pelo menos duas horas rodando em volta do carro, abrindo e fechando portas, entrando e saindo do carro, dizendo que estava sendo perseguido e gritando para que eles o ajudassem a prender 'o cara'. Eles tentaram acalma-lo mas não conseguiram”, contou o delegado.

Medo de expor Marcelo Silva à mídia

Segundo Willis, Fernanda pediu ajuda a uma vizinha para tentar contatar a mãe de Marcelo. O delegado disse que ela estava com medo de chamar uma ambulância e expor o namorado à mídia.
“Depois de algum tempo, os seguranças do prédio desistiram de tentar segurar o Marcelo. Eles ficaram olhando, até que ele foi se acalmando, dizendo  'te peguei, cara, te peguei' e entrou no carro. Eles pensaram que Marcelo tinha adormecido. Quando a mãe dele chegou ao prédio, disse que ia chamar uma ambulância particular, mas acabou chamando os bombeiros. Eles pensaram que Marcelo estava desmaiado e tentaram reanimá-lo, mas ele já estava morto”, contou o delegado, acrescentando que o ex-PM estava expelindo sangue pela boca.

Overdose

Segundo o delegado, é praticamente certo que Marcelo morreu de overdose de drogas, uma vez que houve falência dos órgãos e sangramento. Os sintomas, afirma Willis, podem ter sido provocados pelo uso contínuo de entorpecentes.
Na próxima segunda-feira (15), Willis pretende ouvir os funcionários do motel Shalimar – onde Marcelo teria consumido a droga – e ter acesso à fita de segurança do estabelecimento para saber em que estado ele se encontrava. Ele também vai ouvir os bombeiros que o socorreram e os pais do ex-PM.
“Quero ter acesso à conta do casal no motel para ver o que eles consumiram durante o período em que estiveram lá. Isso pode ajudar a entender o que aconteceu com o Marcelo”, disse o delegado, acrescentando que somente o laudo cadavérico que sai em 15 dias poderá mostrar se a overdose foi provocada pela associação da cocaína, que a namorada disse que ele usou, com remédios ou bebidas alcoólicas.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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