sábado, 25 de junho de 2011

Piabetá a pé e sem saída

Diversos bairros do distrito de Magé estão há um ano sem transporte público regular. Moradores fazem trajetos de bicicleta ou são obrigados a caminhar por até três horas

POR FERNANDA ALVES

Magé - Sair de casa se tornou uma verdadeira via-crúcis para moradores de Piabetá, distrito de Magé. Muitos bairros estão há cerca de um ano sem transporte público. Para quem não tem carro, sobram três duras opções: caminhar horas até o Centro, fazer o trajeto de bicicleta ou se aventurar em transportes clandestinos, como mototáxis e Kombis piratas.

Bicicleta como único meio de locomoção: com crianças na garupa, moradores do bairro Maurimarcia pedalam pela Rua Nossa Senhora da Guia | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia

Moradores dos bairros Maurimarcia e Parque Veneza lembram que três anos atrás, além de ônibus, Kombis também faziam itinerários pelos bairros. “Primeiro, a prefeitura acabou com os ônibus e, há um ano, acabou com as vans”, revelou a estudante Priscila Oliveira, 27 anos, que anda diariamente uma hora até o Centro para estudar. À noite, ela faz o trajeto com um grupo: “Tenho medo. As ruas são escuras e combino de ir com mais quatro amigos”.

A bicicleta é a solução escolhida pela diarista Luciana da Silva, 28 anos, moradora do bairro Parque Santana, também sem opção de condução. Ela leva a filha de 7 anos na garupa. “Trabalho na Tijuca e vou até o terminal rodoviário, no Centro, de ‘bike’. Lá pego um ônibus para o Rio”, contou. A situação de Luciana é tão comum que no entorno do terminal foram criadas oito garagens exclusivas para bicicletas. Usuários pagam entre R$ 0,80 e R$ 1 e deixam o veículo enquanto estão em outros municípios.

Os moradores de Piabetá reclamam também do preço das opções de transporte pirata. “Cobram R$ 2,50 pelo mototáxi, mais que ônibus em outros municípios”, queixa-se Vânia Cruz Nascimento, 27. Procurada pela equipe de O DIA, a prefeitura de Magé não quis comentar.

Idosos ilhados dentro de casa

O casal Elza Conceição de Oliveira, 70 anos, e Aílton do Carmo, 74, que moram em Maurimarcia, evita sair de casa. “Só conseguimos sair andando e como meu esposo não tem mais firmeza na perna só vamos ao Centro em caso de emergência”, contou Elza. Ela diz que quando vai ao médico enfrenta caminhada de cerca de 3 horas: “Se passarmos mal à noite, só Deus nos salvará”.

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