segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A prisão do homem que seguiu o diretor de Bangu 3B

Acusado de envolvimento na execução do diretor de Bangu 3, Esteves Gouvêa Barreto, o Rosinha, 27 anos, foi preso por agentes da Delegacia de Repressão às Armas e Explosivos (DRAE) da Polícia Civil, no início da noite de quarta-feira, dia 5 de novembro. Ele foi flagrado pelos policiais na Avenida Brás de Pina, próximo ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio.

Em depoimento, ele teria confessado que foi contratado para ficar na porta da casa do tenente-coronel da Polícia Militar José Roberto do Amaral Lourenço, 41, durante três dias para fazer um levantamento da rotina do oficial, que era diretor da Penitenciária Doutor Serrano Neves B – mais conhecida como Bangu 3B – no Complexo de Gericinó – há quatro anos. Ele foi assassinado com mais de 60 tiros na Avenida Brasil, quando se dirigia ao trabalho, no último dia 16 de outubro.

“Ele não atirou, mas fez campana e passou informações completas para o restante do bando. Ficou como olheiro na porta da casa do coronel durante três dias, avaliando a rotina e informando horários de saída e chegada e o itinerário do oficial”, declarou o chefe de Polícia Civil, delegado Gilberto Ribeiro. “No segundo dia, eles chegaram a seguir o diretor, no intuito de matá-lo, mas ele desviou o trajeto. Ao invés de ir para a Zona Norte, foi para o Centro. O desvio não foi proposital. O Lourenço sequer percebeu que estava sendo seguido”, ressaltou.

Pelo serviço, Rosinha – que tem esse vulgo porque costuma usar um capacete rosa em suas ações - recebeu R$ 450. “Ele contou que recebia R$ 150 por dia, junto com outro criminoso que o acompanhava no serviço de acompanhamento da rotina do diretor de Bangu. Essa prisão foi importante e confirma a linha de investigação adotada desde o início, de que o crime foi cometido por traficantes da Vila Cruzeiro”, afirmou o delegado Carlos Oliveira, titular da DRAE, revelando que o preso entregou os outros participantes da execução.

“Além dele e o comparsa em uma moto, havia outros cinco em um automóvel. Estes foram os executores. Ele indicou formalmente todos os que participaram da execução. Já estão identificados e são da Vila Cruzeiro”, disse o delegado. “O crime está parcialmente elucidado. São cinco executores e dois que fizeram a campana. Destes, um já está preso. Agora só falta descobrirmos os mandantes e a motivação”, enfatizou Carlos Oliveira, destacando que chegaram à Rosinha por acaso, durante uma investigação relativa a narcotráfico e tráfico de armas de fogo. “As investigações continuam com a Delegacia de Homicídios”, enfatizou.

Os cinco criminosos apontados como autores do homicídio são: Ricardo Severo, o Faustão; Lúcio Mauro Carneiro dos Passos, o Biscoito, 32; Fabiano Atanásio da Silva, o FB; Luiz Cláudio Serrat Corrêa, conhecido como Claudinho CL, Claudinho Dona Marta, Claudinho da Mineira ou Claudinho Tabajara; e um nordestino cujo nome ainda não foi descoberto. De acordo com a Polícia, todos são traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV) com moradia e atuação na Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, na Penha.

“Vamos dar seqüência ao trabalho buscando prender todos, mas é preciso reconhecer que esta não é tarefa das mais fáceis. Eles se encontram em uma região complicada”, ponderou Gilberto Ribeiro.

No dia 30 de outubro, o juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Criminal do Rio, decretou a prisão temporária, por 30 dias, de outros quatro acusados de envolvimento no assassinato do coronel Lourenço. Destes, três já estão presos: Adair Marlon Duarte, o Aldair da Mangueira, 33, Ronaldo Pinta Lima da Silva, o Ronaldinho Tabajara, 36, e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, 32. O quarto acusado, Luiz Cláudio Serrat Corrêa, conhecido como Claudinho CL, Claudinho Dona Marta, Claudinho da Mineira ou Claudinho Tabajara, está foragido da Justiça. “A gente sabe que no CV algumas decisões têm que vir de cima, principalmente decisões dessa natureza”, enfatizou Roberto Cardoso, titular da Delegacia de Homicídios.

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