quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Oficiais pedem demissão e agravam crise na PM do Rio

Pelo menos 43 teriam entregue carta de demissão - 17 seriam comandantes.

Cúpula da segurança pública antecipou a posse do novo comandante da PM.
Do G1, no Rio

A crise na Polícia Militar do Rio de Janeiro se agravou nesta quarta-feira (30) depois que, pelo menos, 43 oficiais – 17 deles seriam comandantes de batalhões - entregaram um pedido de demissão coletiva. Numa tentativa de contornar a situação, a cúpula da segurança pública no estado antecipou a transmissão do cargo para as 17h30. O coronel Gilson Pitta Lopes assumiu o comando-geral sem formação da tropa, contrariando a tradição da PM.


Na terça-feira (29), o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, decidiu demitir o então comandante-geral da PM, Ubiratan Angelo, que não punira oficiais – pelo menos oito comandantes – que participaram de um protesto por melhores salários nas imediações da casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon, na Zona Sul do Rio. O ato foi classificado por Beltrame e Cabral de “insubordinação”.

Na manhã desta quarta-feira, houve protesto em alguns quartéis da capital. Policiais teriam permanecido aquartelados, enquanto outros abandonaram o policiamento ostensivo. O ex-chefe de gabinete do comando-geral da Polícia Militar, coronel Hildebrando Esteves, confirmou que houve “uma mobilização pela manhã” com intuito de impedir a saída de policiais dos quartéis, “mas foram tomadas providências, rapidamente” para evitar o movimento.

Disciplina

Ainda pela manhã, o governador Sérgio Cabral cobrou disciplina da PM e disse que “meia-dúzia” estava por trás dos protestos. O secretário Beltrame reafirmou que não há a menor chance de recuo na demissão do coronel Ubiratan Angelo. Já o novo comandante-geral, Pitta Lopes, disse, em entrevista ao RJTV, que tinha como enfrentar um pedido de demissão coletiva, já que a corporação possui um efetivo de 39 mil homens.

Pela manhã houve grande mobilização no Quartel General, com a presença de oficiais que procuraram o chefe do Estado Maior para protocolar seus pedidos de exoneração. Ainda no início da tarde, informações não confirmadas oficialmente, davam conta de que policiais de pelo menos três quartéis estariam deixando de fazer o policiamento ostensivo e voltando para o batalhão.

Transmissão de cargo

Nesta quarta-feira (30), a transmissão de cargo de comandante-geral da Polícia Militar foi antecipada para as 17h30 no quartel-general da corporação, no Centro do Rio. A assessoria de imprensa da PM não explicou o motivo da antecipação, que estava prevista para a tarde de quinta-feira.

Sobre a antecipação da troca de comando, o coronel Hildebrando Esteves disse que não sabia o motivo, mas acredita que “talvez seja pela proximidade do carnaval ou para evitar um levante ou movimento maior na reunião que haverá esta noite” na Associação de Militares Estaduais do Rio de Janeiro com a participação de oficiais que se manifestaram contra a saída de Ubiratan Ângelo e entregaram os cargos – inclusive ele, Humberto Esteves.

“Mesmo com a saída dos comandantes de batalhões as unidades não ficarão acéfalas. A Polícia Militar é do povo e não do governo. A sociedade não pode ser prejudicada”, garantiu.

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