sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Manguinhos: as marcas da guerra

 

Moradores encontram cenário de devastação no dia seguinte ao tiroteio. Bairro ficou sem luz e escolas não funcionaram

Marco Antônio Canosa e Paula Sarapu

Tiros no carro da DRFA: pelas perfurações, policiais estimam que viaturas tenham sido atingidas por 300 disparos. Foto Severino Silva / Ag. O Dia

Veja aqui outras fotos da guerra contra o trafico em Manguinhos

http://odia.terra.com.br/rio/galeria_foto/271108_manguinhos/

 

Rio - Vidros estilhaçados, carros destruídos, paredes crivadas de balas. No dia seguinte às seis horas de intenso confronto entre policiais e traficantes na Favela de Manguinhos, moradores e agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), que ficaram encurralados na Avenida Democráticos, puderam ver os estragos do violento tiroteio e calcular os prejuízos. No pátio da delegacia, quatro viaturas foram atingidas por cerca de 300 balas — duas delas ficaram destruídas. Apavorados, moradores perceberam que os carros estacionados na Rua Gil Gaffré funcionaram como trincheira na guerra de quarta-feira.
Informações do delegado Ronaldo Oliveira, titular da DRFA, dão conta de que havia pelo menos 60 bandidos bem armados atacando os policiais. Os traficantes do Comando Vermelho estavam reunidos na Favela do Jacarezinho e atravessaram para Manguinhos pela Avenida Democráticos, onde foram surpreendidos pelos agentes. Entre os bandidos estariam Fabinho, chefe do tráfico no Morro São João, no Engenho Novo, Roger, do Jacarezinho, e os traficantes Índio e Macarrão, da Mandela, além da mulher conhecida como Sandra Sapatão, do Jacarezinho.
“Se não fosse o apoio do blindado da PM, poderíamos ter perdido pelo menos vinte policiais no confronto. Agora, esses criminosos cutucaram a gente, mexeram com a delegacia errada. Podem ter certeza de que nós vamos aniquilar esses marginais. Vamos agir com inteligência, mas vamos dar uma resposta a esse ataque covarde”, prometeu Ronaldo Oliveira, sem determinar um prazo para a operação.
A Polícia Militar informou que o policiamento foi reforçado ontem no entorno da comunidade, mas a equipe de O DIA esteve por mais de uma hora na Avenida Democráticos e apenas um carro da corporação foi visto. Durante toda a manhã, funcionários da Light tentaram reestabelecer a energia na rua . Sem luz, três escolas municipais e uma creche não funcionaram e 2.188 crianças ficaram sem aulas.
“Estamos acostumados com tiroteio, mas nunca vi nada assim. Não tinha trégua, o barulho dos tiros não parava. Os bandidos chegavam no meio da rua para enfrentar os policiais e para eles era tudo uma brincadeira. Eles gritavam, atiravam granadas e riam”, disse uma moradora, grávida de seis meses, que ficou mais de quatro horas deitada no chão, em um quartinho nos fundos de casa.

 

O DIA Online

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